"Laranja, de mim, ele nunca foi", diz Bolsonaro sobre Fabrício Queiroz
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou em entrevista à TV Record, divulgada nesta segunda-feira (31), que Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro, investigado no Ministério Público por movimentações atípicas em sua conta bancária, nunca foi seu "laranja". "Esse negócio de caixa dois, de laranja, de mim ele nunca foi", disse o presidente eleito.
Questionado pelo repórter sobre as movimentações de Queiroz, Bolsonaro reiterou que é muito próximo do ex-assessor de seu filho e reforçou que o dinheiro depositado na conta de sua mulher, Michelle Bolsonaro, é proveniente de um empréstimo antigo. "Ele [Queiroz] goza de muita liberdade com a minha família, muito amigo e muito próximo. Ele tinha uma dívida comigo, que foi acumulando, e pagou em cheque. Quem nunca fez isso com um amigo?", questionou Bolsonaro.
Para Bolsonaro, as movimentações de Fabrício Queiroz foram de valores pequenos, de pessoas que depositaram "R$ 300 a R$ 8.000". "Se tiver alguma coisa que eu não sei dessa história, ele vai ter que se explicar quanto a isso aí", afirmou o capitão reformado.
O caso Coaf
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou "movimentações atípicas" na conta do ex-assessor, no total de R$ 1,2 milhão. Queiroz deixou o gabinete de Flávio Bolsonaro em outubro de 2018.
Na entrevista ao SBT (veja abaixo), Queiroz também não deu explicações mais detalhadas sobre os motivos para ter depositado R$ 24 mil, segundo o Coaf, em uma conta de Michelle Bolsonaro, futura primeira-dama. Ele reiterou argumento utilizado por Jair Bolsonaro, de que no total seriam R$ 40 mil derivados de uma dívida com o futuro presidente.
Na conversa, Queiroz se disse um "cara de negócios" e declarou que o volume de dinheiro vem da compra a venda de carros. O ex-assessor faltou aos depoimentos marcados no Ministério Público do Rio. No último dia 27, o órgão disse que Queiroz tem uma doença grave e será obrigado a passar por uma cirurgia em caráter de urgência - ele já havia contado na entrevista que enfrenta um câncer no intestino.
Desburocratizar o Estado
Durante a entrevista, o presidente eleito afirmou que uma das primeiras medidas que vai tomar quando tomar a posse, na próxima terça-feira (1º), será a "desburocratização do Estado". "Vamos tirar o peso do Estado em cima daquele que produz, e isso eu estou falando de todos os setores", afirmou Bolsonaro, falando ainda sobre "desamarrar" as agências reguladoras. Bolsonaro voltou a tocar no assunto das armas de fogo, já suscitado em suas redes sociais durante essa semana. Na conversa, o capitão reformado afirmou que a política de segurança pública dos últimos vinte anos "piorou tudo".
Para o presidente eleito, é necessário acabar com as audiências de custódia, quando os detidos em flagrante são levados a um juiz de forma mais célere, para que sejam coibidas supostas violações de direitos. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, que lançou o projeto da Audiência de Custódia em 2015 juntamente com o Ministério da Justiça, "a ideia é que o acusado seja apresentado e entrevistado pelo juiz, em uma audiência em que serão ouvidas também as manifestações do Ministério Público, da Defensoria Pública ou do advogado do preso".
"Uma grande realidade é que, o que foi investido nos últimos 20 anos, só piorou a segurança do país. Essa audiência de custódia não pode continuar, e a política desarmamentista não deu certo", disse Bolsonaro, um dia após afirmar, em suas redes sociais, que vai editar um decreto para flexibilizar o acesso às armas de fogo no país.
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