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Bolsonaro nomeia general exonerado do governo Lula em 2010

O general Maynard Marques Santa Rosa, em foto de 2010 - Alan Marques/Folhapress
O general Maynard Marques Santa Rosa, em foto de 2010 Imagem: Alan Marques/Folhapress

Ana Carla Bermúdez e Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

03/01/2019 23h40

Nomeado nesta quinta-feira (3) pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para ocupar o cargo de secretário especial de assuntos estratégicos, o general Maynard Marques de Santa Rosa foi o centro de uma polêmica que culminou com a sua exoneração, em 2010, do governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na ocasião, o general Santa Rosa criticou a Comissão da Verdade, chamando-a de "comissão da calúnia". Em uma carta que circulou pela internet, o general afirmou ainda que "confiar a busca da verdade a fanáticos" seria "o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa".

O projeto que instituiu a Comissão da Verdade foi criado pelo governo para investigar crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar.

A expressão utilizada por Santa Rosa seria uma referência indireta à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), então ministra da Casa Civil e responsável pela indicação dos membros na comissão. A petista integrou um grupo envolvido com luta armada e chegou a ser presa e torturada por militares.

Santa Rosa, que ocupava o cargo de chefe do Departamento Geral do Pessoal do Exército, teve seu afastamento anunciado pelo então ministro da Defesa, Nelson Jobim, em fevereiro daquele ano. A decisão foi, então, oficializada pelo ex-presidente Lula.

Este não foi, no entanto, o primeiro episódio que gerou mal-estar entre o general e o governo do PT. Em 2007, quando era chefe da Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais, pasta ligada ao ministério da Defesa, criticou ONGs que atuavam na Amazônia, dizendo que elas teriam "interesses ocultos".

Também criticou a posição do governo sobre a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, quando o Exército foi usado junto à Polícia Federal para retirar posseiros e não indígenas na região. Acabou afastado do cargo e mandado de volta às Forças Armadas.

O general já integrava a equipe do governo de transição de Bolsonaro desde novembro de 2018. Ele havia sido nomeado para chefiar o PPI (Programa de Parceria de Investimentos), vinculado à Secretaria-Geral, tratando de privatizações e concessões.

Em postagens em um blog do Exército Brasileiro, publicadas em 2018, o general chegou a defender uma revisão da Constituição.

"Com as regras em vigor, nenhum presidente seria capaz de impulsionar as reformas estruturais necessárias", escreveu. "O gigantismo do Legislativo e a complexidade dos interesses partidários conspiram contra a agenda. A ineficácia dos processos age em favor da inércia, quando não impede a aprovação das proposições estratégicas", completou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.