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Quebra de sigilo de Queiroz foi ilegal e para me atingir, diz Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

03/01/2019 20h57Atualizada em 03/01/2019 21h28

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quinta-feira (3) que a quebra de sigilo bancário de Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), foi ilegal. 

"Falando aqui [bem] claro, quebraram o sigilo bancário dele sem autorização judicial. Cometeram um erro gravíssimo. E outra: a potencialização em cima dele e do meu filho foi para me atingir. Está mais do que claro isso daí também", disse Bolsonaro em entrevista ao telejornal SBT Brasil --a primeira desde a sua posse, que aconteceu em 1º de janeiro.

Queiroz é investigado pelo MP (Ministério Público) do Rio de Janeiro por movimentação de R$ 1,2 milhão em um período de 13 meses --considerada atípica pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Para Bolsonaro, a exposição de seu nome foi um "absurdo". Isso porque, segundo ele, outros servidores vinculados a gabinetes de deputados do Rio tiveram movimentações consideradas atípicas pelo Coaf.

"Vários outros tinham [movimentação] de 5 milhões, 10 milhões, tinha até de 40 milhões de reais. Ninguém toca no assunto", disse Bolsonaro.

O relatório do Coaf mencionou auxiliares de outros 20 deputados da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). O presidente afirmou, ainda, que "infelizmente" está "acostumado" a ser tratado por "parte da mídia dessa maneira".

Na entrevista, Bolsonaro disse conhecer Queiroz desde 1984 e afirmou que ele "sempre" gozou de sua confiança. "Mais de uma vez já havia emprestado dinheiro para ele. Já emprestei para alguns outros funcionários também. Eu dou essa liberdade e não vejo nada demais nisso aí, não cobro juros, nada", declarou.

O presidente voltou a dizer que "se tiver algo errado, que pague a conta quem cometeu esse erro". Mas contestou o valor apontado pelo Coaf: "não são R$ 1,2 milhão, são 600 mil reais", disse.

No dia 26 de dezembro, após não comparecer pelo menos duas vezes à sede do MP no Rio para prestar depoimento, Queiroz deu entrevista ao SBT Brasil. À jornalista Débora Bergamasco, disse que parte do montante que movimentou vem de negócios como compra e venda de carros.

A Bolsonaro, a jornalista perguntou hoje se ele ficou satisfeito com as explicações dadas por Queiroz na ocasião. "Ele responde por seus atos. Não tenho nada a ver com essa história", respondeu o presidente.