Não é bom discussão dessas em público, diz Mourão sobre crise no governo
O vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou hoje ao UOL não ser bom que o caso do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL), seja discutido em público.
"Eu acho que não é bom essa exposição. Não é boa. Não faz bem. [...] Não é questão de ficar triste, né? É uma questão de que não é bom uma discussão dessas em público", declarou.
Questionado se o ditado popular "roupa suja se lava em casa" seria melhor aplicado à realidade do governo, Mourão disse ser "mais ou menos por aí".
Para Mourão, é preciso esperar os desdobramos dos fatos. "Tem que aguardar aí qual é a realidade que está acontecendo, né? Vamos aguardar", falou.
Ele defendeu que as denúncias de candidatos laranjas sejam investigadas, assim como há suspeitas quanto à conduta do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), no diretório do partido em Minas Gerais durante as eleições do ano passado.
"Que se investigue, que se investigue. [...] Se existem denúncias, tais coisas, denúncias têm de ser investigadas. Vamos aguardar", afirmou.
Mourão afirmou à reportagem não ter conversado com Bebianno hoje, mas disse que trocaram mensagens no celular ao longo da semana. Indagado como estava o ministro emocionalmente, o vice-presidente disse que ele se encontrava triste.
"Não conversei com ele [hoje não]. Só trocamos mensagens [nos últimos dias]. Ele está triste, né? A pessoa fica triste com uma situação dessa", respondeu.
Crise com Carlos Bolsonaro
Na terça-feira, Bebianno disse ao jornal O Globo que havia falado três vezes com o presidente. Nesta quarta, foi acusado nas redes sociais pelo vereador Carlos Bolsonaro de ter mentido sobre as conversas. Carlos ainda divulgou o áudio de uma breve conversa entre o presidente e o ministro, em que Bolsonaro diz a Bebianno não poder falar com ele.
Contrariando a negativa de Carlos, Bebianno insistiu, na entrevista à GloboNews, que conversou com o presidente ao longo da terça-feira, embora nenhuma das vezes, segundo ele, tenha sido sobre a questão das candidaturas laranjas.
Sobre o vazamento do áudio por Carlos Bolsonaro, Bebianno disse não entender o comportamento do vereador. "Eu não entendo. Enquanto ministro de estado, eu vou manter a minha postura, a liturgia inerente à função, e não comento esse tipo de coisa", disse ele, que não soube explicar o motivo desta e de outras desavenças com o filho do presidente.
"Essa pergunta tem que ser feita a ele. Da minha parte, eu sempre selei a paz, a concórdia. O Brasil tem problemas sérios que precisam ser resolvidos. Eu acompanhei o presidente durante toda a pré-campanha e campanha por quase dois anos, e eu acho que é hora de trabalhar", afirmou Bebianno, que foi coordenador da campanha de Bolsonaro à Presidência.
Até o momento, um encontro com Bebianno não está previsto na agenda de Bolsonaro para esta quinta-feira. O presidente tem recebido a alta cúpula do governo, familiares e assessores no Palácio da Alvorada desde que chegou ontem a Brasília. Ele passou 17 dias internado em hospital de São Paulo para cirurgia de reversão da colostomia implantada desde o ataque a faca em setembro último.
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