Em crise com Congresso, Bolsonaro omite e atrasa divulgação de agendas
No momento em que o governo federal atravessa uma crise na relação com o Congresso Nacional com menos de quatro meses de mandato, a divulgação da agenda de compromissos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ontem teve omissões e atrasos.
O dia foi marcado por novos capítulos na atual crise política, que tem como pano de fundo a dificuldade de tramitação da reforma da Previdência defendida pelo governo. Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltaram a trocar farpas em público por meio de declarações dadas à imprensa. Diante de senadores, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse não ter "apego ao cargo" quando perguntado se deixaria a pasta caso a reforma não seja aprovada. O dólar atingiu o maior valor em quase seis meses.
Em paralelo, Bolsonaro participava de reuniões e eventos em Brasília e São Paulo que, na maior parte dos casos, só foram divulgados no portal da Presidência da República depois que aconteceram.
Até o meio da tarde passada, as únicas agendas de Bolsonaro tornadas públicas eram duas reuniões feitas pela manhã, ainda em Brasília: uma com os senadores Arolde de Oliveira (PSD-RJ) e Otto Alencar (PSD-BA); a outra, com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (ambos do DEM).
No entanto, naquela altura do dia, Bolsonaro já estava na cidade de São Paulo. O presidente iria à Universidade Presbiteriana Mackenzie conhecer um projeto da instituição sobre o grafeno, um material altamente resistente cuja descoberta rendeu o Prêmio Nobel de Física a dois cientistas em 2010. No entanto, após protestos na instituição, o evento foi transferido para o Comando Militar do Sudeste, sem acesso para a imprensa.
O Palácio do Planalto tratou a visita como uma "agenda privada" e não deu qualquer outro esclarecimento. Segundo o Comando Militar do Sudeste, a mudança de local ocorreu por "motivo de adequação" à agenda do presidente.
Atualização só após evento
Só quando Bolsonaro estava para sair do prédio militar, por volta das 16h, o Palácio do Planalto atualizou a agenda presidencial -- e, mesmo assim, de forma incompleta.
O evento sobre o grafeno enfim foi incluído, mas com a informação apenas de que aconteceu em São Paulo, sem menção ao local exato.
Já a primeira reunião do dia, com os senadores, recebeu a inclusão do nome do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente e que desde o fim do ano passado enfrenta denúncias de irregularidades envolvendo seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
Também apareceram reuniões feitas pela manhã, ainda em Brasília, com o ministro da Defesa substituto, almirante de esquadra Ilques Barbosa Júnior; e com o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF). Todos os encontros na capital federal constam como ocorridos no Palácio do Planalto.
No entanto, até as 21h de ontem, continuava ausente da agenda a presença de Bolsonaro em um jantar promovido pela Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social) na casa de Elie Horn, filantropo e fundador da construtora Cyrela.
O evento chegou a constar da agenda pública do governador paulista, João Doria (PSDB), que esteve no local. À tarde, no entanto, já não aparecia mais no portal do governo. Procurada pela reportagem após a mudança, a assessoria do governo paulista não respondeu se o compromisso tinha sido ou não cancelado.
Ainda em São Paulo, o presidente também foi ao Hospital Israelita Albert Einstein, onde passou por uma avaliação médica após cirurgia para reconstrução do trato intestinal, afetado pela facada sofrida na campanha eleitoral.
Bolsonaro retornou para Brasília ainda na noite de ontem. Hoje de manhã, na capital federal, ele participa da entrega da Ordem do Mérito Judiciário Militar, condecoração concedida pelo STM (Superior Tribunal Militar).
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