Comemorar golpe de 64 é provocação surreal, dizem manifestantes em Brasília
Uma manifestação na manhã de hoje em Brasília marcou o repúdio ao golpe de 1964. O ato foi uma reação à proposta do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que o aniversário do golpe fosse comemorado.
Posteriormente, Bolsonaro recuou e disse que havia proposto apenas "rememorar" os fatos que levaram à ditadura que se estendeu no país por 21 anos.
Os manifestantes levaram flores e fotografias de vítimas da ditadura. Gritos de "ditadura nunca mais" e "fora, Bolsonaro" marcaram a passeata que percorreu um trecho da pista do Eixo Rodoviário de Brasília, fechado para automóveis aos domingos.
Os organizadores calcularam em cerca de 600 pessoas o público que compareceu ao ato. Policiais militares que acompanharam a manifestação disseram estimar o público em 400 a 500 pessoas. A SSP-DF (Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal) não divulgou uma estimativa oficial de quantas pessoas foram ao protesto.
Hoje, é esperada a realização de atos semelhantes em outras cidades do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
O golpe militar de 1964 foi deflagrado em 31 de março daquele ano e deu início a um período de exceção marcado por censura, torturas a adversários políticos, cassação de direitos e fechamento do Congresso Nacional.
A ditadura, que se estendeu até 1985, foi marcada por um período sem eleições diretas para presidente da República, o que só foi retomado em 1989, após a Constituição Federal de 1988.
Para o diretor da CUT (Central Única dos Trabalhadores) Yuri Soares, a ideia de celebrar o golpe de 64 soa como uma "provocação" àqueles que perderam direitos ou até mesmo a vida no período.
"O presidente vem com essa provocação, e para nós é importante relembrar esse período para que ele nunca mais aconteça", diz. "Num momento em que o presidente não sabe governar o Brasil de 2019, ele fica se remetendo a um dos piores períodos da história do país", afirma o sindicalista.
Carregando uma flor branca e a fotografia de um tio morto pela ditadura, a professora aposentada Jodete Amorim, 75 anos, afirma considerar "surreal" a ideia de comemorar o golpe e o fato de Bolsonaro ter sido eleito com um discurso favorável ao regime militar que governou o país.
"Quando a gente tem um presidente que quer comemorar a ditadura, se a gente não se mexer [para protestar]", diz. "É surreal imaginar que 50 milhões de brasileiros votaram numa figura dessa", afirma a professora.
Nas eleições de 2018 Bolsonaro foi eleito no segundo turno com 57 milhões de votos, o que representou 55% dos votos válidos. Seu adversário, Fernando Haddad (PT), teve 47 milhões de votos (44%).
A manifestação em Brasília foi organizada por partidos e entidades como a CUT, o PT, PCdoB, PSOL, PSB, PDT, Frente Brasil Popular e CMP (Central de Movimentos Populares).
No ato também trouxe cartazes e gritos de "Lula, livre", numa crítica à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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