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Bolsonaro rebate Lula por rotular governo de maluco: "Não é de cachaceiro"

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

27/04/2019 10h27Atualizada em 27/04/2019 14h11

O presidente Jair Bolsonaro rebateu na manhã de hoje a declaração dada ontem pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista à Folha e ao El País de que o país está sendo governado por um "bando de maluco". O peselista disse que "pelo menos não é um bando de cachaceiro" que governa o Brasil e que, em primeiro lugar, Lula nem deveria ter dado entrevista.

"Pelo menos não é um bando de cachaceiro. O Lula, primeiro, não deveria falar. Ele falou besteira. Quem era o time dele? Grande (parte) está preso ou sendo processado", afirmou Bolsonaro.

Em entrevista à TV Record, o presidente fez outra associação com o fato de Lula ser um consumidor de cachaça. "Acho que bebida é proibida na cadeia", disse. O trecho foi postado pelo próprio Bolsonaro na sua conta no Twitter.

Segundo o presidente, o PT e Lula tinham um plano de poder que roubaria a liberdade dos brasileiros. Ele não detalhou como isso seria feito. Bolsonaro também declarou que o STF (Supremo Tribunal Federal) errou ao conceder o direito do petista dar entrevista.

"Eles tinham um plano de poder onde roubariam a nossa liberdade, tá ok? Eu acho que foi um equívoco, um erro da Justiça ter dado o direito de dar uma entrevista. Presidiário tem cumprir sua pena", explicou Bolsonaro que voltou a qualificar o período do PT no governo como "um sofrimento, uma desgraça".

Em entrevista divulgada ontem, Lula disse que a elite brasileira deveria fazer uma autocrítica depois da eleição de Bolsonaro. "Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso", afirmou.

Bolsonaro minimiza declarações de Maia

O presidente tratou de minimizar declarações dadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em entrevista dada ao portal BuzzFeed que foi divulgada ontem, o parlamentar criticou a postura dos filhos de Bolsonaro. Maia disse que Carlos, vereador no Rio de Janeiro, é "um radical" e que Eduardo, deputado federal, é "deslumbrado". Além disso, Maia afirmou que a agenda do governo "é essa loucura aí".

Questionado sobre as declarações, o peselista disse tratar-se de "fake (news)" e afirmou respeitar Maia, tendo recíproca e que juntos podem fazer muito pelos brasileiros.

"Eu tenho certeza que isso é um fake. Eu gosto do Rodrigo Maia, ele tem respeito por mim e eu tenho por ele. Mandei uma mensagem para ele, via Onyx, ontem à noite dizendo que o que nós dois juntos podemos fazer não tem preço. E 208 milhões de pessoas precisam de mim, dele e de grande parte vocês (em referência à imprensa). O Rodrigo Maia é uma pessoa importantíssima para o futuro de 208 milhões de pessoas. Espero brevemente conversar com ele", disse.

Visita a criança que viralizou

As declarações do presidente foram dadas logo após visitar a casa de Yasmin Alves, 8, que participou de um evento nesta semana no Palácio do Planalto. Na ocasião, informações divulgadas em redes sociais diziam que a criança supostamente havia se recusado a cumprimentar Bolsonaro por discordar de seu governo. Na verdade, a discordância ocorreu por conta dos times de futebol. A menina é torcedora do Flamengo, enquanto o presidente declarou ser torcedor do Palmeiras.

Depois disso, Bolsonaro retornou ao Palácio da Alvorada e deixou o local à tarde para participar do almoço de aniversário de Walton Alencar Rodrigues, ministro do TCU (Tribunal de Contas da União). A confraternização ocorreu na casa de Rodrigues no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, e também teve a presença de Rodrigo Maia e do presidente do TCU, José Múcio Monteiro.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.