Flávio Bolsonaro lucrou R$ 3 milhões em 7 anos com imóveis, diz revista
O senador Flávio Bolsonaro (PSL), filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), lucrou R$ 3,089 milhões entre 2010 e 2017 com diferença entre a compra e a venda de imóveis, segundo documento do Ministério Público do Rio (MP-RJ) obtido pela revista "Veja".
Em janeiro, reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou "transações-relâmpago" de Flávio em salas comerciais e apartamentos residenciais no Rio.
Agora, documento do MP indica que Flávio gastou em sete anos R$ 9,4 milhões, comprando salas de escritórios e apartamentos, totalizando 19 imóveis. Para o MP, "há indícios de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas nas transações imobiliárias."
O lucro de Flávio com os imóveis, diz o MP, supera "seus rendimentos como deputado federal no mesmo período."
As informações foram colhidas após a quebra do sigilo de Flávio Bolsonaro e de outras dezenas de pessoas, entre ex-assessores e familiares do senador, revelada na última segunda-feira após pedido do MPF.
Os documentos publicados pela revista apontam suspeitas "de que grande parte dos negócios realizados pelo parlamentar possam ter sido registrados com valores fraudados, objetivando simular ganhos de capital fictícios para encobrir enriquecimento ilícito".
O MP lista os imóveis adquiridos por Flávio, todos em áreas nobres do Rio:
- Apartamentos nº 206 e 505 na rua Mal. Ramon Castilla, 199, em Botafogo
- Salas 1001 a 1012 na Av. Afonso Arinos de Melo Franco, 222, na Barra
- Apartamento nº 813 na rua Barata Ribeiro, 96, em Copacabana
- Apartamento nº 603 na Av. Prado Juúnior, 297, em Copacabana
- Apartamento nº 603 na Av. Sernambetiba, 3.600, na Barra
- Apartamento nº 501, na rua Pereira da Silva, 197, nas Laranjeiras
- Sala nº 4.030 na Av. Ayrton Senna, 3.000, na Barra
Valorização excessiva
Segundo a reportagem, o MP classifica algumas transações como "valorização excessiva". Um exemplo é o apartamento na Av. Prado Júnior, comprado em 2012 por R$ 140 mil e vendido pouco mais de um ano depois por R$ 550 mil.
Outro apartamento comprado por Bolsonaro em Copacabana, na rua Barata Ribeiro, teve valorização de 237% em um ano. O senador lucrou cerca de 400 mil com a venda do imóvel um ano depois de adquiri-lo.
De acordo com o MP, as compras foram feitas por valores abaixo do mercado, e as vendas consumados por valores acima.
Mais cedo, o UOL reportou, com exclusividade, que o senador lucrou ao menos R$ 728 mil em transações imobiliárias com dois dos alvos das quebras de sigilo bancário e fiscal do caso Queiroz.
Os registros obtidos em cartórios da cidade do Rio de Janeiro dizem respeito a nove transações envolvendo a empresa MCA Participações -- empresa que também teve seu sigilo fiscal e bancário quebrado pela Justiça -- e um norte-americano.
Paraíso Fiscal
O texto da revista Veja faz menção ainda aos negócios realizados por Flávio Bolsonaro na Barra da Tijuca.
O senador comprou dez salas comerciais no bairro entre 2008 e 2010. À época, os imóveis foram vendidos para a MCA. Entre os sócios da empresa, de acordo com os procuradores, está a empresa Listel S.A., que tem sede no Panamá.
Um dos documentos do MP obtidos pela reportagem mostra que os procuradores atribuem a este tipo de negociação "um dos mais tradicionais métodos de lavagem de dinheiro". "O COAF [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] considera (...) como 'sérios indícios' da ocorrência de lavagem de dinheiro a realização de operações imobiliárias envolvendo pessoas jurídicas cujos sócios mantenham domicílio em países com tributação favorecida."
Defesa
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) negou que cometeu irregularidades e se disse perseguido. "Continuo sendo vítima de seguidos e constantes vazamentos de informações contidas em processo que está em segredo de justiça", escreveu em seu perfil oficial, no Twitter.
O senador também disse que os valores apresentados são "falsos" e "não chegam nem perto dos valores reais". "Apenas lamento que algumas autoridades do Rio de Janeiro continuem a vazar ilegalmente à imprensa informações sigilosas, querendo conduzir o tema publicamente pelos meios de comunicação e não dentro dos autos", concluiu.
*Com reportagem de Igor Mello, do UOL no Rio
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