Mesmo após carta, ao menos 20 senadores querem Coaf com a Justiça
Pelo menos 20 dos 81 membros do Senado Federal devem ignorar o apelo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e votar para que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) seja transferido ao Ministério da Justiça.
A mudança alteraria a MP 870, medida provisória que organiza a estrutura básica do governo, cuja tramitação precisa ser concluída até o dia 3 de junho. Ou seja, considerando o prazo curto, qualquer modificação no texto pode fazer com que a matéria perca a validade. O resultado: o Executivo voltaria a ter 29 ministérios, e não 22, como definiu Bolsonaro no começo do ano.
Os 20 votos favoráveis ao Coaf com Moro são das bancadas que já fecharam questão: PSD (9), Podemos (8) e Pros (3). Parlamentares da oposição, como o líder da minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também já se manifestaram nesse sentido.
A votação da MP 870 começa hoje no plenário da Casa cercada de dúvidas. O destaque referente ao destino do Coaf será apresentado pelo líder do Podemos, Alvaro Dias (PR), com o apoio do líder do PSD, Otto Alencar (BA).
Entre os dois senadores há o entendimento que o governo Bolsonaro falhou na interlocução com o Congresso e, mesmo ciente do risco de a MP caducar na semana que vem, incentivou as manifestações do último domingo. Uma das pautas mais recorrentes e que simbolizam a pressão das ruas é justamente a transferência do Coaf para as mãos de Moro.
Na tentativa de persuadir os senadores, Bolsonaro enviou uma carta ao Senado, assinada por ele, Moro e outros dois ministros (Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni), alertando para o risco de "retrocesso que causará prejuízos a toda a nação brasileira". Na visão do governo, aumentar de 22 para 29 ministérios provocaria um caos administrativo.
Ao abrir a sessão, Alcolumbre endossou o apelo de Bolsonaro e pediu que os colegas aprovem a MP 870 sem alterações. No entanto, a tendência é que ao menos um destaque seja apresentado e apreciado pelo plenário (a aprovação depende de maioria simples). Há ainda uma outra possibilidade, que seria votar o texto da MP hoje e deixar o destaque para amanhã.
Nos bastidores, o Executivo ainda tenta atribuir aos resistentes uma relação de culpa ante à possibilidade de recriação de vários ministérios e, consequentemente, a derrocada da reforma administrativa.
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