Câmara vive guerra de placas de salas com 'Rua Marielle' e 'Marginal Lula'
Diz-se em política que governo sem base não aprova nem nome de rua. E na Câmara Federal, de certo modo, é visível esse fenômeno: polarizados, deputados de esquerda e direita, da vellha e da nova política, travam uma batalha silenciosa para nomear gabinetes e corredores da Câmara de Deputados.
Com o acirramento dos ânimos, após revelações de supostas conversas privadas entre membros da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro, o ato simbólico viralizou pelos corredores. A cada dia, um gabinete ganha uma nova identificação. A diretoria da Câmara despachou, esta semana, ofícios para que as referências sejam retiradas.
A instalação de placa em frente ao gabinete começou com deputados da esquerda que trouxeram das ruas o "endereço" "Rua Marielle Franco". No Anexo III da Câmara, por exemplo, o gabinete de David Miranda (Psol-RJ) ostenta uma dessas desde o início da gestão.
A cerca de 20 metros dali, a deputada Rosa Neide (PT-MT) também instalou uma.
O troco veio semana passada, com o líder do Novo, Marcel Van Hattem (RS). Ele inaugurou a "Avenida Operação Lava Jato". O evento teve direito a vídeo nas redes sociais.
"É um pouco de ato político e descontração, ainda mais diante de um gabinete cheio de 'Lula livre'", disse Van Hattem.
Nesta terça-feira (25), Márcio Jerry (PCdoB-MA) instalou em seu gabinete a "Avenida Lula Livre". O adereço ficou coberto por um pano durante o dia todo, até a inauguração, à noite.
A resposta da direita veio no dia seguinte, quando Julian Lemos (PSL-PB) emplacou: "Marginal Lula tá preso, Babaca / Avenida Operação Lava Jato".
"É uma demarcação política. Até brinquei com o Marcel, que colocou a Lava Jato do lado direito e eu coloquei o Lula Livre do lado esquerdo. Acho que podem aparecer mais placas", disse Jerry.
Câmara pede retirada
Uma convivência menos pacífica aconteceu no Anexo IV. Alguém retirou as placas das deputadas Talíria Petrone (Psol-RJ), Fernanda Melchionna (Psol-RS), Luiza Erundina (Psol-SP) e Sâmia Bonfim( Psol-SP). As deputadas instalaram novas no lugar.
Elas não sabem se foram removidas por parlamentares, assessores de deputados ou funcionários da Casa. Mas houve pedido formal para que fossem retiradas.
O ofício assinado pelo diretor-geral, Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida, comunica que a "afixação de cartazes e afins nas dependências internas e externas da Câmara dos Deputados depende de prévia análise da Secretaria de Comunicação Social". A reportagem identificou que as deputadas Sâmia, Fernanda Melchionna e o deputado Van Hattem receberam o documento.
O documento diz que as placas instaladas podem "colocar em risco a população circulante nos edifícios da Casa, bem como passar a errônea impressão de nomeação oficial de espaços, o que só é possível mediante Resolução".
Van Hattem disse que irá retirar a placa e disse que a medida deve valer para todos.
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