Militar brasileiro preso na Espanha viajou com Bolsonaro para SP há 4 meses
Preso ontem no aeroporto de Sevilha, na Espanha, por suspeita de traficar cocaína, o sargento Manoel Silva Rodrigues havia acompanhado o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em viagem de Brasília a São Paulo, em 27 de fevereiro, para exames médicos, após a segunda cirurgia devido ao ataque a faca de que foi vítima na campanha.
Hoje, o presidente chegou a dizer que o episódio ocorrido na Espanha "não tem relação com sua equipe". Mas o Comando da Aeronáutica divulgou nota dizendo que o "sargento partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial".
Desde que se soube da prisão na Europa, o governo divulgou diferentes versões sobre a participação do militar na viagem de Bolsonaro ao Japão - que tinha escala prevista em Sevilha, repentinamente mudada para Lisboa:
- Pela manhã, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB) afirmou que o militar integraria a equipe do voo no retorno de Bolsonaro para o Brasil.
- No início da noite, Bolsonaro e Mourão passaram a dizer que o sargento não tinha relação com a equipe presidencial.
- Mais tarde, o Comando da Aeronáutica disse que o sargento estava em "missão de apoio à viagem presidencial", mas não integraria a tripulação da aeronave presidencial
Segundo a Follha, Silva Rodrigues fez ao menos 29 viagens no Brasil e no exterior desde 2011, várias delas com o staff presidencial --incluindo os ex-presidentes Michel Temer, Dilma Rousseff e Bolsonaro.
No Portal da Transparência, mantido pelo governo federal, é possível ver que Manoel Silva Rodrigues foi reembolsado em R$ 201 por despesa de viagem em 27 de fevereiro. No campo motivo, a justificativa:
SC - 01.52 TRANSPORTE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Segundo a Aeronáutica, o sargento Silva Rodrigues exerce a função de comissário de bordo em uma aeronave militar VC-2 Embraer 190. Em nota, o Comando da Aeronáutica afirma ter instaurado Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias do caso e que vai reforçar as medidas de prevenção "a esse tipo de ilícito".
"Esclarecemos que o sargento partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial, fazendo parte apenas da tripulação que ficaria em Sevilha. Assim, o militar em questão não integraria, em nenhum momento, a tripulação da aeronave presidencial, uma vez que o retorno da aeronave que transporta o Presidente da República não passará por Sevilha, mas por Seattle (EUA)", diz nota.
Nesta quarta, o presidente Jair Bolsonaro disse em postagem no Twitter que o militar preso não faz parte de sua equipe e que o comportamento do sargento é "inaceitável".
Segundo o jornal espanhol El País, citando fontes da Guarda Civil espanhola, o sargento estava com 39 kg de cocaína e teria sido detido quando os tripulantes e suas bagagens passaram pelo controle alfandegário na chegada ao aeroporto.
Hoje, os senadores Randolfe Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Wetervon Rocha (PDT-MA) apresentaram requerimento para convidar o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, para prestar esclarecimentos à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado sobre o caso.
Mais cedo, o vice-presidente da República e presidente em exercício, general Antônio Hamilton Mourão (PRTB), disse que o militar deveria estar "exercendo a ilegalidade por dinheiro".
O salário bruto do sargento é de R$ 7.298, segundo o Portal da Transparência. Questionada sobre a defesa do militar, a assessoria da Aeronáutica não informou se ele possui um advogado para comentar a acusação.
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