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Heleno diz que crítica de Carlos ao GSI é "trauma" com facada a Bolsonaro

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília*

10/07/2019 12h25

O general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), afirmou hoje que Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), teria ficado "extremamente traumatizado" com o atentado a faca sofrido pelo pai durante a campanha eleitoral do ano passado e que isso poderia justificar a aparente desconfiança do vereador com a segurança presidencial.

"Os comentários do Carlos eu sei perfeitamente, já tive um convívio com ele. Ele é extremamente traumatizado pelo atentado que buscou modificar a situação política do Brasil, atentado a faca que o presidente sofreu", disse o ministro durante audiência na Câmara dos Deputados.

"Naquela situação ele [Bolsonaro] estava sob cuidados da Polícia Federal. Não estou de maneira nenhuma colocando qualquer tipo de responsabilidade na Polícia Federal", afirmou o general.

O GSI é o órgão do governo responsável pela segurança do presidente.

Heleno deu a declaração ao comentar as críticas de Carlos à segurança do GSI, feitas no início do mês, pelo Twitter, ao comentar um vídeo que tratava do sargento preso com 39 quilos de cocaína em um voo da FAB (Força Aérea Brasileira). "Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente aqueles oferecidos pelo GSI", escreveu Carlos na ocasião.

O chefe do GSI participou na manhã de hoje de audiência conjunta das comissões de Direitos Humanos e de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Ele foi convidado para falar sobre o caso do sargento Manuel Silva Rodrigues, da FAB, preso com 39 kg de cocaína no aeroporto de Sevilha, na Espanha. Segundo o general, o fato está sendo apurado e os culpados serão punidos.

Sem tempo para Olavo de Carvalho

Na audiência, deputados da oposição questionaram Heleno sobre as críticas de Carlos Bolsonaro e também sobre os ataques do escritor Olavo de Carvalho à ala militar do governo.

O general afirmou não "gastar" seu tempo com as críticas do escritor.

"Eu não dedico ao senhor Olavo de Carvalho parte de meu tempo. Nunca dediquei, vou continuar não dedicando. Não me atinge em nada. Eu não vou ficar gastando meu tempo em responder cada bobagem que falam", disse o ministro.

Cocaína no voo da FAB

No último dia 25 de junho, o sargento Manoel Silva Rodrigues foi detido com 39 quilos de cocaína em Sevilha, na Espanha. Ele integrava a comitiva de militares que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante sua viagem até o Japão, para participar do encontro do G20.

A cocaína estava embalada em 37 pacotes escondidos em uma mala, embaladas em blocos envolvidos por fita adesiva bege. A quantidade da droga foi avaliada em R$ 6 milhões.

Rodrigues atuava como comissário de bordo e fazia parte da comitiva de militares que acompanhou a viagem de Bolsonaro ao Japão.

O avião da FAB em que o militar estava sera usado como reserva da aeronave presidencial. Esta comitiva não fazia parte do mesmo voo que transportou o presidente.

Segundo o general Augusto Heleno, ainda não foi apurado se a droga deveria permanecer em Sevilha ou seguir para o Japão.

O advogado Carlos Alexandre Klomfahs, que defende o sargento da FAB, afirmou à Corregedoria do Ministério Público Militar que o militar foi vítima de "armação" e disse que há evidências de "ações clandestinas e sem autorização da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), para imputar crimes ao comissário de bordo", com o objetivo de "prejudicar a imagem do Brasil e do governo do presidente Jair Bolsonaro".

* Com informações do Estadão Conteúdo

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.