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Moro diz a revista que divulgar chats é sensacionalismo e visa soltar Lula

18.jun.2019 - O ministro da Justiça, Sergio Moro - Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
18.jun.2019 - O ministro da Justiça, Sergio Moro Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

08/08/2019 21h37

O ministro da Justiça e da Segurança, Sergio Moro, afirma em entrevista a revista IstoÉ, publicada na noite desta quinta (8), que a divulgação de mensagens atribuídas a ele, quando era juiz federal, e a procuradores da Operação Lava Jato é sensacionalista e visa a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Se verificarmos o grande sensacionalismo na divulgação dessas mensagens, muitas vezes com distorções no conteúdo, de contexto e que nem se pode dizer que sejam autênticas, é de supor que o objetivo principal era impactar a Lava Jato", diz o ministro. "Está claro que um dos objetivos é anular condenações, entre elas a de Lula."

Em 9 de junho, o The Intercept Brasil deu início a uma série de reportagens baseadas em diálogos vazados que foram trocados no aplicativo Telegram e enviados ao site por uma fonte anônima. Mensagens que já foram noticiadas mostram, entre outras coisas, Moro sugerindo a inversão da ordem de operações, antecipando uma decisão judicial e orientando Deltan a incluir numa denúncia uma prova contra um réu da Lava Jato.

Nesta semana, o UOL fechou parceria com o Intercept e publicou reportagem que revela que o procurador Deltan Dallagnol, chefe da Lava Jato em Curitiba, usou o partido político para mover ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o ministro Gilmar Mendes.

Na entrevista à IstoÉ, ao ser questionado se as mensagens podem ser usadas como prova em algum processo legal, Moro diz que, "em princípio, o que é obtido por meio de furto eletrônico, produto de crime, não pode ser utilizado, mas vai caber à Justiça dar essa resposta".

O projeto de dez medidas anticorrupção, apresentado pela Lava Jato em 2016 e encampado por Moro, porém, prevê a possibilidade de uso de provas ilegais desde que obtidas de boa-fé.

Além de criticar a publicação dos diálogos privados, o ministro voltou a afirmar à revista que não há nenhuma ilegalidade ou postura antiética da parte dele. Também afirmou que não deu nenhuma determinação à PF para a destruição de qualquer prova. Ele alegou ter havido um mal-entendido, como declarou em manifestação enviada ao ministro Luiz Fux, do STF.

Ao falar sobre o impacto dos vazamentos em sua via pessoal, Moro disse que o que foi feito o "afetou muito", sem entrar em detalhes. Afirmou que "o extremo sensacionalismo" procurar dar um viés negativo ao trabalho da Lava Jato. Ele diz, entretanto, ter percebido, " pelo seu contato com a sociedade", uma "intensificação do apoio" à sua atuação.

Quando questionado sobre uma eventual candidatura à Presidência, o ministro afirmou não trabalhar com "viés partidário" e que sua missão é ampliar os avanços no combate à corrupção.

Moro diz que não orientou destruição de mensagens

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