Doria atrai desafetos de Bolsonaro para o PSDB
Potencial adversário de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, o governador de São Paulo, o tucano João Doria, tem atraído para o PSDB ex-aliados de primeira hora do atual presidente da República no PSL.
O caso mais recente é o do deputado federal Alexandre Frota, que nesta sexta se filiou ao PSDB após intensificar críticas ao presidente e ser expulso do PSL. Antes dele, porém, o governador paulista já havia se aproximado do empresário Paulo Marinho, patrocinador da candidatura de Bolsonaro, e de Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Marinho já se filiou ao PSDB e deve comandar o partido no Rio, cidade onde Bebbiano está sendo cortejado pelo PSDB para se lançar candidato a prefeito.
Demitido por Bolsonaro logo no início da gestão, Bebianno foi chamado de querido amigo por Doria em jantar em homenagem ao governador na casa de Marinho e disse em entrevista neste mês à Folha o tucano é o melhor nome para a próxima eleição. A mesma opinião demonstrou seu amigo Marinho quando disse que Doria é "mais preparado para governar o Brasil".
O xadrez que vem sendo montado pelo PSDB também deixa claro que a dobradinha "BolsoDoria" --que alçou João Doria ao governo de São Paulo em 2018-- era uma fase da campanha e que hoje já não existe apoio ao presidente.
A chegada de Frota ao partido é vista com otimismo por aliados a Doria. A expectativa é que o deputado seja um curinga no PSDB: ele pode atacar o presidente, como vem feito, por uma questão pessoal, sem que isso signifique um ataque do PSDB ao Bolsonaro.
O próprio deputado reforçou essa visão em sua filiação ontem. "João soltou a rédea, eu vou pra cima. Quem vai soltar é ele", disse sobre o apoio de Doria para fazer críticas.
"O Frota será o primeiro de vários outros parlamentares que virão para o PSDB a partir de agora", disse o governador nesta sexta.
O tucano também abriu as portas do partido para a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), que corre risco de ser desligada da legenda por votar a favor da reforma da Previdência. Ela também enfrenta o ex-ministro da Educação Vélez Rodrigues em debate na Câmara.
Para os deputados tucanos, o PSDB apoia ao governo ao defender as pautas econômicas e liberais. O partido não tem representantes nomeados dentro do governo e acumula críticas a temas conservadores de Bolsonaro, como o Escola sem Partido -- que limita a atuação do professor nas salas de aula.
Os tucanos, que tinham a terceira maior bancada da Câmara, com 54 eleitos, obtiveram só 29 assentos em 2018, tornando-se a nona maior sigla.
Um dos atritos internos com quadros abalados após as eleições é com o deputado Aécio Neves. Tucanos querem que sua expulsão sirva de vitrine para o discurso do almejado "novo PSDB".
A visão dentro do partido é de que a médio prazo a sociedade poderá se incomodar com os ataques proferidos por Bolsonaro ao meio ambiente, a perseguidos pela Ditadura e a demais setores. Para surfar nessa onda, o PSDB quer deixar claro que discorda dos disparates, mas permanece no campo da direita.
*Colaborou Bernardo Barbosa, do UOL, em São Paulo.
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