Deltan e ignorados por Bolsonaro lamentam anúncio de PGR: "dia melancólico"
O líder da lista tríplice à PGR (Procuradoria-Geral da República) ignorada por Jair Bolsonaro, Mario Bonsaglia, declarou via Twitter que hoje foi um "dia melancólico" para o Ministério Público Federal. O presidente indicou mais cedo o nome de Augusto Aras para o cargo - a nomeação precisará ser aprovada pelo Senado.
"Dia melancólico para o MPF [Ministério Público Federal]. A indicação fora da lista do novo PGR representa um retrocesso de décadas para a instituição", escreveu Bonsaglia. "Por uma lacuna na Constituição, o MPF é o único dos 30 MPs que não conta com previsão normativa de escolha do Procurador-Geral por meio do sistema de eleição da lista tríplice. Não obstante, vinha sendo solidificada uma tradição no mesmo sentido."
"O método de escolha pela lista tríplice é um instrumento muito importante em prol da autonomia que a Constituição reconhece ao Ministério Público", lamentou Bonsaglia. "Infelizmente, hoje, a tradição foi quebrada."
Quem também se juntou ao coro do favorito da lista tríplice foi Deltan Dallagnol, que declarou que a Lava Jato sempre apoiou a escolha de um PGR "testado e aprovado".
"A força-tarefa Lava Jato no PR sempre defendeu a lista tríplice, por favorecer a escolha de um PGR testado e aprovado em sua história e seus planos, assim como a independência do Ministério Público. Nós nos unimos à ANPR no debate pelo melhor para o país e a causa anticorrupção", disse o coordenador da força-tarefa da Lava Jato.
A procuradora Jerusa Viecili, que semana passada pediu desculpas ao ex-presidente Lula após diálogos vazados pela The Intercept Brasil, também se queixou da decisão de Bolsonaro.
"Mais um dia triste para o Ministério Público Federal. Não havia presenciado tamanho desprestígio e desrespeito com a Instituição desde 2004, quando ingressei no MPF. Quando a democracia interna não é observada, toda independência de atuação é colocada em risco", escreveu.
Luiza Frischeisen, que integrava a lista tríplice, também disse que é um "momento triste" para o MPF, mas afirmou que continuará defendendo as leis e a Constituição.
"É um momento triste para o MPF, mas o PGR ocupa um dos ofícios do MPF, entre 1160. Cada um (a) de nós continuará na defesa dos bens jurídicos que a Constituição, as leis e só tratados estabelecem que devemos proteger. Assim, cada um (a) de nós continuará propondo ações penais quando houver crime, não importa quem seja o autor, atuando na proteção do patrimônio público, do meio ambiente, de grupos que tenham tido direitos violados e zelando pela atuação dos órgãos de fiscalização", declarou.
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