"Animal das Cavernas": líderes indígenas reagem a discurso de Bolsonaro
"Bolsonaro me chamou hoje de 'animal das cavernas'", reagiu Sonia Guajajara, uma das coordenadoras-executivas da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), ao comentar o discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU. "E usou o termo para se referir ao Cacique Raoni, um candidato a Nobel da Paz", acrescentou.
Poucas horas depois do evento, lideranças indígenas que assistiam ao evento convocaram a imprensa local para uma coletiva de imprensa. Participaram, ainda, Dinamam Tuxá, outro indígena representante da Apib. O cacique Raoni Metuktire, que também participaria do evento, passou mal e não pode comparecer. "Ele não deve ter gostado do que ouviu hoje", comentou a apresentadora da coletiva, representante da ONG Uma Gota no Oceano.
"Hoje para nós foi um dia de terror, porque o Bolsonaro fez esse discurso de intolerância e de muita truculência", declarou. "É uma fala histórica, infelizmente, porque mancha a reputação do Brasil nas Nações Unidas".
"Viemos aqui para dizer que não temos medo de Bolsonaro", reforçou a coordenadora. Ela disse que o presidente mente, seu governo destrói o meio ambiente e nossa tradição cultural, além de permitir que o setor privado avance sobre as áreas indígenas.
Os líderes também comentaram a presença da indígena bolsonarista Ysani Kalapalo na plenária. Na opinião deles, a estratégia mostrou quão más são as intenções do governo.
"Bolsonaro mente novamente ao negar que Amazônia não é patrimônio da humanidade - como ele ousa dizer essa mentira?", perguntou. "Por isso Bolsonaro deve ser acusado por crime contra a humanidade", completou.
"Mas se há uma esperança é que nós não estamos sozinhos. O espírito de outros líderes indígenas e outras pessoas ao redor do mundo une força em defesa dos povos indígenas no Brasil."
A indígena Artemisa Xakriaba, 19 anos, de Minas Gerais, finalizou: "É uma tristeza ver com tanta gente jovem que participou do evento, ter alguém do nosso próprio país dizer que nós colocamos fogo na Amazôna. É só isso o que eu tenho a dizer".
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