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Frota fala em 'vexame', e aliados exaltam 'coragem' de Bolsonaro na ONU

Bolsonaro discursa durante abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York - William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress
Bolsonaro discursa durante abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York Imagem: William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

24/09/2019 17h15

O discurso de Jair Bolsonaro (PSL) na ONU (Organização das Nações Unidas), que marcou a abertura da 74ª Assembleia Geral, nos Estados Unidos, acirrou o confronto ideológico entre os deputados que compareceram hoje à tarde ao plenário da Câmara.

Membros da oposição disseram que as palavras do mandatário "apequenam" o país frente à comunidade internacional. Já correligionários e integrantes da base endossaram a oratória do presidente da República.

Bolsonaro vem sendo criticado por ter usado um tom agressivo em seu discurso na ONU, em que atacou os governos de França, Venezuela e Cuba, além do socialismo e do ambientalismo. A narrativa construída por ele se assemelha ao que permeou a candidatura à Presidência, no ano passado.

O capitão reformado do Exército não poupou sequer a própria ONU e apontou ações que seu governo classifica como ameaças à soberania brasileira.

Ex-aliado e colega de partido, Alexandre Frota (PSDB-SP) foi o primeiro a alfinetar Bolsonaro. Para o parlamentar, o discurso marca o início de uma campanha pública a fim de emplacar a reeleição em 2022. Disse ainda que o presidente "protagonizou o maior vexame da diplomacia brasileira e talvez do mundo, uma fala ridícula, uma fala lamentável".

"Ele falou exatamente o que aqueles que o acompanham, aquela bolha toda que o acompanha, queriam ouvir. Deixou de falar sobre os inúmeros assassinatos, a Amazônia queimando, a falta de dinheiro para cultura, educação, saúde e, principalmente, para ciência e tecnologia. Ainda falou que não tinha viés ideológico, falou de ideologia de gênero, direitos humanos, ou seja, Bolsonaro iniciou no dia de hoje a campanha de 2022."

Bolsonaro governa o país já há 9 meses e não compreendeu ainda qual é a sua função. Sua função é tomar atitudes que melhorem a vida do povo, que gerem prosperidade, desenvolvimento, que proporcionem avanços no Brasil. Eu desafio qualquer que acompanhou sua fala a mostrar um ponto dessa fala que tenha contribuído com qualquer tipo de perspectiva de mudança e de avanço em nosso País, é ódio em cima de ódio, é insulto em cima de insulto, é agressão em cima de agressão. Ele não sabe realmente qual é o seu papel
Alexandre Frota (PSDB-SP)

Deputado pelo PSL do Rio de Janeiro, Luiz Lima saiu em defesa do presidente e classificou o discurso como "firme" e "decisivo".

"Foi o primeiro discurso de Jair Bolsonaro realmente como chefe de estado. Ele teve a coragem de apontar alguns pontos, principalmente, de enaltecer Sergio Moro e dizer que o socialismo é, sim, uma ameaça aos países em desenvolvimento na América Latina. Ele citou, sim, que tem parlamentares aqui que apoiam um regime criminoso na Venezuela."

Coronel Tadeu (PSL-SP) também elogiou Bolsonaro e declarou que, em sua opinião, as palavras do presidente "mostram que o Brasil tem dono". "A Amazônia é nossa, não é do mundo. Jamais será o pulmão do mundo inteiro porque não existe isso na física. A Amazônia é nossa e tem que ser preservada por nós."

A bancada petista aproveitou o debate acirrado para marcar posição na onda de repúdio a Bolsonaro pelo discurso proferido na Assembleia Geral da ONU. Valmir Assunção (PT-BA) afirmou que a participação do mandatário brasileiro foi uma "vergonha" e o chamou de "mini Trump" —em referência ao presidente americano Donald Trump, um dos expoentes do conservadorismo nos dias atuais.

"Um discurso daquele faz com que o povo brasileiro fique envergonhado. O mini Trump, como podemos caracterizar Bolsonaro, ou seja, um Presidente menor ainda do que o Trump."

"Bolsonaro diz que tem compromisso com o meio ambiente. Compromisso com o meio ambiente com a liberação de 350 tipos de agrotóxicos neste ano? Compromisso com o meio ambiente quando deixa a Amazônia queimar? E ele ainda culpa a imprensa internacional", completou o petista.

Marcon (PT-RS) declarou que a performance de Bolsonaro na ONU foi um "7 a 0 contra o Brasil". "Os próprios jornais, jornais americanos, jornais mundiais, dizem que Bolsonaro é um mini-Trump. Ele discursou para o Trump e brigou com todo o mundo. Foi 7 a 0 contra o Brasil."