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"Boa provocação", diz presidente do MDB sobre espaço a Bolsonaro no partido

3.out.2019 - O presidente Jair Bolsonaro na solenidade de lançamento da campanha do projeto anticrime - Isac Nóbrega/PR
3.out.2019 - O presidente Jair Bolsonaro na solenidade de lançamento da campanha do projeto anticrime Imagem: Isac Nóbrega/PR

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

08/10/2019 15h24

O presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), riu e disse ser uma "boa provocação" quando questionado hoje pela imprensa sobre um eventual espaço ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), no partido.

"Boa provocação", disse, aos risos. Após alguns segundos de silêncio, afirmou que "qualquer resposta vai ser polêmica".

Bolsonaro recebeu Baleia Rossi no Palácio do Planalto no início da tarde. No domingo (6), em convenção nacional, Baleia foi eleito o novo presidente do MDB sucedendo a Romero Jucá (RR), que comandava a sigla desde o licenciamento do ex-presidente Michel Temer (MDB) da função em abril de 2016. Jucá tentou se reeleger ao Senado nas eleições de 2018, mas não obteve sucesso.

Mais cedo, pela manhã, Bolsonaro revelou novos sinais de insatisfação com o PSL dizendo a um apoiador que este deveria esquecer a sigla e que o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), está "queimado".

Ao sair do Palácio da Alvorada, residência oficial onde mora em Brasília, Bolsonaro parou para falar com apoiadores que o esperavam na portaria. Quando um fã se identificou como pré-candidato do PSL no Recife, Pernambuco, e pediu que o presidente gravasse vídeo de apoio, Bolsonaro não se mostrou à vontade.

"Ó, cara, não divulga isso, não. O cara Bivar está queimado para caramba lá. Vai queimar o meu filme também. Esquece esse cara, esquece o partido", disse.

Por enquanto, o Planalto prefere não comentar o assunto oficialmente. Ao ser questionado sobre a fala do presidente, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso Nacional, disse não ter visto a declaração e que não iria comentar.

Diante da insistência de jornalistas, ele se limitou a dizer que o caso é uma "questão partidária".

Apesar dos rumores de que Bolsonaro estaria de saída do PSL, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, manteve ontem o posicionamento de que "não há da parte do presidente agora qualquer formulação sobre uma suposta transição de partido".

A importância do MDB para o governo

14.mar.2019 - O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), durante encontro com senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do Governo no Senado - Marcos Corrêa/PR - Marcos Corrêa/PR
14.mar.2019 - O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), durante encontro com senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do Governo no Senado
Imagem: Marcos Corrêa/PR

O MDB não faz parte da base do governo oficialmente. No entanto, conta com membros no alto escalão da gestão Bolsonaro. O ministro da Cidadania, Osmar Terra (RS), é filiado ao partido, assim como o líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra Coelho (PE).

Bezerra Coelho e um de seus filho, o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE), foram alvos de operação da Polícia Federal em 19 de setembro deste ano por supostamente terem recebido pelo menos R$ 5,5 milhões em propina. O suposto caso de corrupção teria ocorrido quando Bezerra Coelho era ministro da Integração Nacional no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Uma das linhas de investigação apura suspeitas do desvio de dinheiro público de obras na região Nordeste, como a transposição do rio São Francisco. Bezerra Coelho chegou a colocar o cargo à disposição, mas, até o momento, é mantido por Bolsonaro.

Como líder, a função de Bezerra Coelho é ser o principal articulador do Planalto junto aos senadores para conseguir a aprovação das pautas de interesse governo, como a indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à embaixada brasileira nos Estados Unidos e a reforma da Previdência. Baleia Rossi negou ter conversado com Bolsonaro sobre cargos e a situação de Bezerra Coelho e Osmar Terra no governo federal.