Eduardo Bolsonaro ensina a ser conservador: "Nossa sede não é de poder"
Resumo da notícia
- Deputado participou da abertura de evento conservador em SP
- Para filho do presidente, ainda não existe 'base conservadora sólida' no país
- Político recomendou que militância responda aos opositores com memes
Na abertura da conferência CPAC Brasil, versão nacional de um dos maiores eventos conservadores dos EUA, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defendeu que o conservadorismo "é muito mais sobre identidade do que sobre como chegar ao poder".
"Nossa sede não é de poder", afirmou. "Se porventura a gente eleger alguém, é consequência."
Em uma entrevista coletiva e em uma palestra de quase uma hora para centenas de participantes da CPAC Brasil, o terceiro filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL-SP) revisitou inimigos tradicionais do conservadorismo mais linha-dura -- questões de gênero, instituições multilaterais, a presença da esquerda na universidade, a grande imprensa -- e orientou a militância sobre como agir diante deles.
Segundo o deputado, apesar da eleição de Bolsonaro, ainda não existe uma "base conservadora sólida" no Brasil. "Estamos aqui para nos organizar", afirmou. Até porque, segundo ele, a esquerda é "muito mais organizada" politicamente.
Para Eduardo Bolsonaro, os conservadores não precisam aguardar um aval superior para se organizarem entre si. "Você não precisa de um sinal, vai atrás, faz o seu. Pensa em formar essas redes de contatos", disse.
O deputado também apresentou um cenário no qual os conservadores estão sob ataque. Deu como exemplos a discussão diversidade de gênero ("Eu olho uma menina e querem que eu trate como um menino. Isso é uma agressão a nós") e a "hegemonia" da esquerda nas universidades, inclusive mostrando episódios em que apoiadores de Bolsonaro foram hostilizados por estudantes.
Eles fazem isso e nós que temos o discurso de ódio
Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PSL-SP)
A reação a isso viria justamente pelo acionamento das redes de contatos, se valendo da indignação, por um lado ("Quando a gente fica indignado, a gente fica até a noite compartilhando vídeo do nosso candidato preferido"), e pelo humor ou ridicularização, por outro.
Eduardo Bolsonaro recomendou abertamente que, em embates com aqueles percebidos como opositores, a militância responda com memes. Deu como exemplo uma recente interação a um comentário crítico do jornalista Guga Chacra, da GloboNews, pelo Twitter.
"Você acha que eu vou responder sério pra ele?", afirmou o deputado, para risadas do auditório, que vaiou o jornalista e o chamou de "comunista".
O deputado também advogou que os conservadores se informem "nas fontes certas" — sites que, em geral, trazem noticiário favorável ao governo Bolsonaro.
Por fim, o terceiro filho do presidente quis deixar claro aos presentes que a vitória eleitoral de Bolsonaro não seria o fim, mas o começo.
"A eleição foi só a primeira batalha", disse. "A gente vai sofrer todos os tipos de ataque, mas a gente quer fazer valer a pena. Nós não vamos deixar nunca mais o PT voltar ao poder."
Foi a deixa para a plateia gritar "a nossa bandeira jamais será vermelha", frase constantemente usada por Bolsonaro na última campanha eleitoral. Eduardo encerrou sua palestra de quase uma hora aplaudido, e de imediato o público formou uma longa fila para tirar fotos com o parlamentar.
O CPAC Brasil é organizado pela ACU (American Conservative Union, ou União Conservadora Americana) e pelo instituto Indigo, a fundação de formação política do PSL, que é bancada por recursos do fundo partidário.
Segundo o vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, ainda não há uma cifra fechada de quanto a fundação gastou com o CPAC Brasil, mas sua estimativa é de que o gasto tenha sido "em torno de R$ 800 mil".
O evento termina hoje em São Paulo. Entre os palestrantes estão os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Abraham Weintraub (Educação), entre outros políticos e ativistas.
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