Diante de crises, núcleo político inicial de Bolsonaro no PSL se desfaz
Resumo da notícia
- Bolsonaro enfrenta crise com seu partido, o PSL
- O presidente se afastou de figuras que foram próximas no início do governo
- Hélio Lopes e Major Vitor Hugo são alguns dos sobreviventes no 'pelotão de frente'
Diante de crises internas que afligem o PSL, o núcleo político que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha eleitoral e o início da administração começa a se desfazer passados pouco mais de nove meses de governo.
A relação com o presidente nacional da sigla, Luciano Bivar (PSL-PE), desmoronou na terça-feira passada (8): sem saber que estava sendo transmitido ao vivo, Bolsonaro disse para um apoiador "esquecer o PSL" e afirmou que o pernambucano está "queimado pra caramba".
Desde então, o PSL se vê em crise com alfinetadas de parte a parte e barracos nas redes sociais. Como pano de fundo, ambições políticas, disputa pelo controle do dinheiro do fundo partidário e a influência dos filhos do presidente.
Um fato novo na crise é a operação de hoje da Polícia Federal para investigar o esquema de candidaturas laranjas do PSL e que tem Bivar como alvo.
Distância
Um dos que passou a ser visto com menos frequência no Palácio do Planalto é o deputado federal Julian Lemos (PSL-PB).
Atacado internamente por Carlos Bolsonaro, assim como aconteceu como seu amigo Gustavo Bebianno, derrubado após atritos com o filho "02", Lemos credita o afastamento do núcleo inicial de Bolsonaro no PSL ao "entorno" do mandatário.
No entanto, ele afirma que se manterá aliado ao presidente. "Mesmo que o presidente não fale mais comigo, serei leal com ele. Sou uma pessoa do diálogo, da lealdade", afirmou ao UOL.
Após deixar o PSDB para se juntar a Bolsonaro no PSL, em 2018, o deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO) também afirma lealdade, mas lamenta a distância com o presidente da República.
Desde que Bolsonaro foi eleito, Waldir diz nunca ter sido convidado para conversar no Planalto e afirma que só vai à sede da Presidência em eventos.
Waldir avalia que o presidente se cercou de outras pessoas que não aquelas que estavam na campanha, mas não sabe o motivo para a mudança.
"Se olhar minhas redes, sou extremamente fiel a ele. Em 2011, por exemplo, na Comissão de Segurança Pública, quem era o fiel a ele? O Delegado Waldir. Nunca cobrei cargo no governo federal. Quem tem de dizer por que ele não quer, por que não aceita nossa companhia, é o presidente. Influenciado não sei por quem, mudou completamente os parceiros leais a ele. Qual a doença que tenho? Qual a minha chaga?", declarou.
Linha de frente
Da linha de frente do início do governo, Bolsonaro perdeu Bebianno, que foi secretário-geral da Presidência; o general Santos Cruz, demitido da Secretaria de Governo; e o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), que mudou de partido.
Por enquanto, os únicos aliados do primeiro pelotão que parecem estar a salvos são o líder do governo na Câmara, deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO), e o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ).
Se nos primeiros meses de governo corria risco de cair por reclamações de parlamentares do centrão por supostamente ser técnico e difícil de negociar, Vitor Hugo é presença garantida em eventos no Planalto. O líder tem procurado se manter reservado e minimizar intrigas, além de servir como os olhos de Bolsonaro na Câmara.
Hélio, por sua vez, está sempre ao lado de Bolsonaro em viagens e se diz "soldado" do presidente. A atitude deve ser recompensada com apoio de Bolsonaro a uma possível candidatura à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2020.
Questionado pela reportagem, o deputado desconversa, mas não deixa de sorrir.
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