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Houve um 'lavajatismo' militante da mídia, diz Gilmar Mendes; Bial rebate

Do UOL, em São Paulo

15/10/2019 07h27

O ministro Gilmar Mendes criticou a abordagem da mídia às ações do STF (Supremo Tribunal Federal), em entrevista exibida nesta madrugada pelo programa "Conversa com Bial", da TV Globo. Gilmar comentou as críticas que recebe quando há decisões de habeas corpus para políticos detidos.

"Quero dividir a minha responsabilidade com vocês. Vocês têm uma grande parcela de responsabilidade. Quando vocês dizem 'Gilmar solta', e estou falando porque já reclamei para a Rede Globo, a decisão foi da turma, mas vocês dizem 'Gilmar solta' e não explicam do que se trata. Houve um 'lavajatismo' militante da mídia, a mídia aderiu a isso. Nós ficamos como os bandidos da história, aqueles que erraram ao soltar", afirmou.

"A mídia faz parte disso. A Lava Jato é case de sucesso de mídia, são melhores publicitários que juristas. Houve essa coalizão, essa coabitação. A responsabilidade é muito maior da mídia do que minha", completou o ministro do STF, dizendo ter mandado para Ali Kamel, diretor geral de jornalismo e esportes da Globo, o livro sobre o assassinato do ex-senador Pinheiro Machado.

Pedro Bial defendeu a emissora. "O que o senhor classifica como incitamento, muitos classificam como bom jornalismo. Muitos jornalistas como o Ali Kamel se orgulham, porque o time deles, de ótimos jornalistas, deu furos. Não é tão fácil assim ter essa notícia. Se atendeu, se a Lava Jato pegou a carona já que o interesse público era enorme, e nosso dever como jornalista é atender ao interesse público, aí é uma contradição das relações do poder com a grande imprensa", analisou o apresentador.

"Sei com informações consistentes que (Rodrigo) Janot tinha 11 jornalistas em sua equipe para vazar informações. Conheço de dentro a questão porque o ministro Teori (Zavaski, morto em 2017) ficava irritado. Primeiro chegava a notícia a ele, às vezes pelo Jornal Nacional, depois ele recebia o documento sigiloso, porque havia o vazamento por parte da Procuradoria Geral", rebateu.

Gilmar Mendes ainda explicou sua visão sobre o assunto. "O vazamento é crime, não por parte do jornalista, mas da fonte, da autoridade. O vazamento alimentou essa lealdade da mídia com a Lava Jato e produzia isso. Hoje o quadro mudou".

Bial ironizou: "Assim que você descobrir essa lista dos 11 do Janot, me passa porque é uma notícia e tanto, é primeira página".

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