"Continuo leal ao presidente, mas não sou babá de marmanjo", diz Joice
Jornalista, deputada federal e mulher mais votada da história da Câmara, Joice Hasselmann (PSL-SP) compareceu hoje ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan. Ex-lider do governo no Congresso Nacional, ela abordou temas como a crise no PSL, "ingratidão" do presidente Jair Bolsonaro e as trocas de farpas com Eduardo Bolsonaro.
"Quando alguém vem e me ataca publicamente, quando alguém vem me ofender porque é filhinho de presidente e acha que pode fazer isso porque se considera de uma dinastia... Aí não. Eu continuo leal ao presidente, mas não sou babá de marmanjo. Não tenho essa obrigação e eles sabem, eu já avisei. Comigo é 'bateu, levou'. Lealdade é defender o Brasil, e não meninos mimados. [...] O Planalto não pode ser puxadinho da cozinha do presidente", declarou a deputada, no programa.
A deputada negou uma suposta saída do PSL e revelou que continua aconselhando o presidente Jair Bolsonaro.
"Disse ao presidente que tem que colocar ordem no PSL, mas unificando, e não colocando o Eduardo goela abaixo [como líder]. Inclusive falei no início desta madrugada com o presidente, via Whats", afirmou Joice aos risos, antes de recusar mostrar as conversas no aparelho celular e explicar o motivo que a fez chamar o presidente de ingrato.
"Construí pontes quando assumi a liderança do governo no Congresso. Algumas relações não eram boas... Memes eram feitos. Provocações. Confusão desgraçada entre governo e Legislativo. [...] E foi essa construção de pontes e a arte de engolir alguns sapos que permitiu a aprovação de pautas importantes do governo", ressaltou.
"Eu sempre dizia isso para o presidente. Eu dizia: 'Deixa eu te ajudar, saia um pouco do Twitter, pare de falar um pouco, deixe os meninos [filhos] um pouquinho mais quietos'. Mas tem dia que ele está bem-humorado, tem dia que não. É o jeito dele. A ingratidão que eu falei, e eu não retiro o que eu disse, eu me refiro porque, com apenas uma discordância que eu tive, já virou essa coisa maluca, todos me atacando e chamando de traidora, sendo que eu trabalhei e continuo trabalhando para ele", contou a deputada, antes de se dizer pouco preocupada com a liderança do partido e responder, de maneira irreverente, às recentes provocações sofridas por conta de sua forma física.
"Não nasci líder. Não estou nem aí para liderança. Eram 20 horas por dia trabalhando como burro de carga. Aliás, agora terei tempo de voltar a malhar e ninguém vai me chamar de gordinha. Voltarei a malhar, vocês vão ver...", encerrou.
Eduardo no Conselho de Ética
"Vou acionar [Eduardo Bolsonaro] no Conselho de Ética. Dentro da Câmara dos Deputados minimamente algum decoro tem que ter. Tem que ter decoro. Ele quebra constantemente com o decoro. Todo mundo passa a mão porque é filho do presidente", disse a deputada.
Ela já havia manifestado a vontade de levar o caso ao Conselho de Ética em entrevista à Agência Estado, publicada na manhã de hoje.
"Já deu, todas as crises reais que foram travadas desde o início do governo foram, de alguma forma, com a participação de um dos filhos. Minhas brigas com o Eduardo não são de hoje. Tentamos entrar em um acordo, mas com quem não tem palavra não tem como você manter isso."
Joice, que também disse não ter "surfado na onda de candidato nenhum", afirmou jamais ter traído a cúpula do governo.
"Deslealdade é o que foi feito comigo. Eles fizeram isso comigo. Eu apenas reagi", salientou. "E por que estão fazendo isso? Porque eu discordei da indicação do filhinho para a liderança do PSL? O filhinho que ia destruir o partido. Isso é uma democracia? Posso discordar ou não?", questionou.
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