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Generais destacam tempos de democracia e descartam AI-5: "Bobagem"

Paulo Chagas: "Esse governo não consegue se firmar, fica brigando entre si" - Eduardo Militão/UOL
Paulo Chagas: "Esse governo não consegue se firmar, fica brigando entre si" Imagem: Eduardo Militão/UOL

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

31/10/2019 16h00Atualizada em 31/10/2019 16h24

Três generais do Exército consideram incabível a proposta do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre possível volta o Ato Institucional 5, da ditadura militar. Para eles, o país vive uma democracia e as disputas têm que ser resolvidas dentro da lei.

O ex-candidato a governador do Distrito Federal pelo PRTB, o general da reserva do Exército Paulo Chagas, considerou uma "bobagem" as declarações do deputado e filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).

Chagas destacou que o país vive "plena democracia", ao contrário do que ocorria antes.

Membro da Comissão da Anistia, o general Luiz Eduardo Rocha Paiva destacou que o AI-5 ocorreu "num regime de exceção". "Nós vivemos num regime democrático", completou o general em entrevista ao UOL.

Um terceiro general, que pediu anonimato, afirmou que há risco zero de haver qualquer medida dessas. Para ele, Eduardo Bolsonaro "é só um maluco", que deve voltar a fazer declarações "desastradas" porque gosta da repercussão delas.

Agora não há mais guerra, diz militar

Para Chagas, as declarações de Eduardo não deviam nem ser consideradas. "Não gosto de me aprofundar em bobagem", afirmou ele à reportagem. O general disse acreditar que seria uma tentativa de fazer uma "metáfora".

O militar defendeu que, nos anos de chumbo, havia uma "necessidade" do AI-5 porque se tratava de "uma guerra contra o terrorismo" e que as instituições militares comandavam o país.

"Não dá para fazer nenhuma comparação com as especificidades daquele momento", contou Chagas. "Agora, não. Estamos vivendo numa democracia plena. Temos que ter inteligência, perspicácia, saber fazer as coisas, ter planejamento, coordenação, controle, atividade política", enumerou.

Ele disse que a gestão do governo é uma das melhores dos últimos 30 anos, mas o governo sempre peca por bater cabeça na área política, como é o caso da declaração de Eduardo Bolsonaro.

"Esse governo dá um banho de gestão, no entanto politicamente não consegue se firmar, fica brigando entre si, criando factoides e problemas", explicou Chagas. "Você não pode ter gestão pública que consiga ter resultados se você não tem uma atividade política que abra caminho para essa gestão. A atividade política fica atrapalhando."

Disputa política está normal, diz membro da Comissão da Anistia

Membro da Comissão da Anistia, o general Luiz Eduardo Rocha Paiva afirma que a disputa política entre esquerda e direita está dentro da normalidade. Não haveria motivos para se temer "radicalização", como mencionou Eduardo Bolsonaro.

"A disputa política normal não leva a nenhum estado de exceção", avaliou o militar. "Essa disputa de esquerda e direita não saiu do horizonte político."

Para ele, mais grave que essa disputa são as decisões do Supremo Tribunal Federal que indicam parar um programa de integridade iniciado pela Operação Lava Jato. Ainda assim, isso não justificaria uma medida drástica, como um AI-5.

Para esse problema, diz ele, a solução seria pressionar as instituições do Judiciário dentro da lei.

Rocha Paiva afirma que, pela Constituição, uma medida drástica seria o Estado de Defesa, o Estado de Sítio. Uma medida ainda mais radical a exemplo do AI-5, enumerou, seria uma ação de exceção.

No entanto, o general afirma que não existe razão alguma para tomar nenhuma dessas três atitudes extremas. "Não vejo nenhuma possibilidade disso", explicou o militar.

Eduardo Bolsonaro "é só um maluco", avalia general

Um general que pediu anonimato ironizou o filho do presidente. "Você está preocupado? Esse cara é só um maluco", desprezou. Para ele, não há cabimento.

O general disse a alegação do deputado que é uma "piada de mau gosto" e que fica surpreso com declarações repetitivas, sem propósito e "desastradas". Na sua visão, Eduardo Bolsonaro gosta da repercussão de suas frases e deve voltar a fazê-las no futuro.

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