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Pesquisa que diz que fakenews favoreceram Bolsonaro é 'fakenews', diz Onyx

Árabes querem usar Brasil para retomar oportunidades perdidas com China, afirmou o ministro - Eduardo Militão/UOL
Árabes querem usar Brasil para retomar oportunidades perdidas com China, afirmou o ministro Imagem: Eduardo Militão/UOL

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

31/10/2019 10h34

Resumo da notícia

  • Guardian diz que Bolsonaro foi favorecido por notícias falsas nas eleições
  • Mensagens analisadas foram compartilhadas via WhatsApp
  • 42% continham informações falsas com viés de direita, contra 3% de esquerda
  • "Isso é uma piada essa análise. Para mim, isso é fakenews", diz Onyx

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), classificou hoje como "fakenews" a reportagem do jornal britânico The Guardian que afirma que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi favorecido por notícias falsas compartilhadas por WhatsApp durante as eleições do ano passado. Numa amostra de 11.957 mensagens analisadas, diz a publicação, 42% dos conteúdos com viés de direita continham informações falsas; nos de esquerda, eram 3%.

"Isso é uma piada essa análise", afirmou ao Onyx ao UOL na manhã de hoje, na base aérea de Brasília, logo após desembarcar do avião presidencial, quando voltava com Bolsonaro de uma viagem à Arábia Saudita. "Para mim, isso é fakenews."

Segundo a reportagem, a pesquisa analisou uma amostra de 296 grupos, que estão catalogados dentro da base de dados do "Monitor do WhatsApp". É um painel com informações de cunho político em centenas de grupos de vários espectros partidários, no Brasil, na Índia e na Indonésia.

Os dados foram coletados por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Eles estão à disposição de pesquisadores e veículos de comunicação do mundo todo para fazerem análises específicas.

A universidade não é responsável pelo resultado das pesquisas feitas com a base de informações. Mas, ao saber que o Guardian usou esses dados da UFMG, Onyx viu "perigo".

"Aí já começou o perigo", afirmou o ministro-chefe da Casa Civil à reportagem. "Eu não acredito. Para mim, isso é fakenews. Não dou a menor credibilidade a isso."

Onyx afirmou que "o papel aceita tudo". "O fato de o jornal ser inglês não quer dizer que ele não tenha lado e que a pesquisa seja verdadeira. O papel aceita tudo."

Fraude em urnas eletrônicas dominou boatos

A pesquisa do Guardian mostra que, dentre os itens falsos de viés de direita, 48% eram relacionados a supostas fraudes em urnas eletrônicas. Isso nunca se comprovou.

Mas o próprio Bolsonaro disse que haveria "possibilidade concreta" de "fraude" nas eleições. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ordenou que o vídeo com as declarações dele sobre isso fosse retirado do ar.

O segundo item com mais menções falsas entre as mensagens de direita estava relacionado à facada sofrida pelo então candidato em setembro de 2018. Trata-se de 19% das mensagens. O autor do crime, Adélio Bispo, foi preso em flagrante, condenado e cumpre pena.

Laudo psiquiátrico comprovou que o criminoso, ex-filiado ao PSOL, tinha problemas mentais. Investigações da Polícia Federal não encontraram mandantes do crime. Foi uma atuação solitária, demonstrou a polícia. Mas o presidente, até hoje, querer saber quem mandou esfaqueá-lo.

Árabes querem retomar oportunidade perdida com Brasil, diz ministro

Onyx disse ao UOL que os árabes querem usar o Brasil para, desta vez, não perderem uma oportunidade perdida com o crescimento econômico chinês. O Fundo Soberano da Arábia Saudita vai investir US$ 10 bilhões no Brasil.

Na semana que vem, os dois países devem começar a acertar os projetos que receberão os recursos. "O Brasil vai puxar a América Latina", afirmou o ministro.

"Eles perderam a onda chinesa e querem entrar na onda latino-americana, que o Brasil vai puxar. Eles têm consciência que deveriam ter feito alguns investimentos quando a onda começou a subir. Não fizeram", disse Onyx.

"Eles têm a leitura de que o Brasil vai puxar uma onda de crescimento na América Latina e eles querem estar junto com o Brasil para poder estar no topo dessa onda quando ela se concretizar."

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no primeiro parágrafo, 42% das mensagens de viés de direita na amostra --e não 42% do total de mensagens da amostra-- continham informações falsas. A informação foi corrigida.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.