Após morte de criança, Witzel critica governo Bolsonaro
Resumo da notícia
- Ao comentar a morte a tiros de uma menina de 5 anos, Witzel fez críticas à politica de segurança do governo Bolsonaro
- O governador do Rio disse que a "falta de combatividade" da União ao tráfico de armas e drogas gera "guerra insana" nos estados
- Witzel, que vem em guerra franca com Bolsonaro, ainda acusou o governo federal de sucatear a PF e a PRF
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), usou a morte da menina Ketellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5 anos, para fazer críticas à atuação do governo Jair Bolsonaro (PSL) na segurança pública. A criança foi atingida por tiros quando ia para a escola, em Realengo, zona oeste do Rio, na manhã de ontem.
Witzel usou o Twitter para comentar o caso. O governador lamentou a morte da criança e disse ter determinado "à Polícia Civil rigorosa apuração" do caso. Em seguida, passou a fazer críticas à política de segurança pública do governo Bolsonaro. O tema é atribuição do Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Sergio Moro —assim como Witzel, ex-juiz federal.
O governador destacou que é atribuição do governo federal impedir a entrada de armas e drogas no país. "A falta de combatividade, em nível federal, do tráfico de drogas e armas, acaba alimentando essa guerra insana que existe nos estados", disse.
Em seguida, em nova publicação, insisitiu no tema, afirmando que o governo está "sucateando" a PF (Polícia Federal) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
O senador Flávio Bolsonaro (Sem partido), filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, respondeu a publicação de Witzel em tom duro. Ele chamou o antigo aliado de "traidor" e "mentiroso contumaz". Por fim, mandou o governador do Rio não jogar "nos ombros alheios a responsabilidade por sua incompetência".
O UOL procurou o Palácio do Planalto e o Ministério da Justiça solicitando comentários de Bolsonaro e Moro sobre as declarações de Witzel, mas ainda não obteve retorno.
Caso Marielle aumentou crise
Eleito com o apoio de Flávio, Witzel tentou se descolar do clã Bolsonaro assim que chegou ao Palácio Guanabara. O governador do Rio já destacou publicamente sua intenção de disputar a Presidência da República em 2022 e vem gradativamente adotando uma postura de oposição a Bolsonaro.
O afastamento entre os dois virou animosidade pública após o nome de Bolsonaro ser ligado às investigações da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Reportagem da TV Globo revelou que a Polícia Civil havia apreendido registros de entrada no condomínio Vivendas da Barra, onde vivia o policial militar reformado Ronnie Lessa, apontado como um dos assassinos de Marielle. A anotação da portaria mostra que, no dia do crime, o ex-PM Élcio de Queiroz, outro réu pelo crime, teve a entrada no condomínio autorizada pela casa de Bolsonaro. Em dois depoimentos, um dos porteiros do condomínio afirmou que "seu Jair" foi quem autorizou a entrada de Élcio no Vivendas da Barra.
Logo após a veiculação da reportagem, Bolsonaro fez uma live nas redes sociais em que acusava Witzel de ter influenciado as investigações para prejudicá-lo e de ter vazado documentos sigilosos para a imprensa. Nos dias seguintes, o presidente insistiu nas denúncias e disse ter sido avisado por Witzel no dia 9 de outubro de que seu nome apareceu nas investigações do caso Marielle.
No dia 1 de novembro, Witzel, que já vinha negando ser o responsável por vazamentos, subiu o tom e ameaçou processar Bolsonaro por crime de responsabilidade se houvesse retaliações ao estado do Rio por parte do governo federal. O principal temor de integrantes do governo do Rio é que as rusgas entre Witzel e Bolsonaro prejudiquem a renovação do acordo de recuperação fiscal do estado.
"Não vou admitir que nenhum tipo de interferência venha a prejudicar o povo do nosso estado", afirmou. "Qualquer ato atentatório contra nosso estado, eu não hesitarei de tomar as medidas contra quem quer que seja. Se for agente político, não hesitarei em tomar as medidas contra o crime de responsabilidade que venha a ser praticado contra o nosso estado e nosso povo".
Sem fazer citações nominais, insinuou que não irá agir para proteger Bolsonaro e seus filhos de investigações. O MP do Rio investiga dois filhos do presidente. O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) era alvo de uma apuração no Caso Queiroz, onde os promotores veem indícios de um esquema de corrupção em seu gabinete na Alerj, mas o STF suspendeu o procedimento. Recentemente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) também passou a ser investigado por suspeitas de rachadinha em seu gabinete.
"Eu não tenho bandido de estimação. Seja ele de farda, de distintivo, político ou filho de poderoso. Não tenho compromisso com a bandidagem. Assumi o estado sem qualquer compromisso com traficante ou miliciano. Todos aqueles que se colocarem na reta da Justiça serão presos, serão investigados", afirmou.
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