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Bolsonaro vê dificuldades, mas não descarta ser presidente de novo partido

Bolsonaro não descarta ser presidente de novo partido -
Bolsonaro não descarta ser presidente de novo partido

Do UOL, em São Paulo

19/11/2019 19h29

O porta-voz da presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou na noite de hoje que Jair Bolsonaro vê "dificuldades", mas não "descarta" a possibilidade de ser presidente do novo partido chamado Aliança pelo Brasil. O lançamento do APB está marcado para esta quinta-feira (21), em Brasília.

"Conversamos agora há pouco. Ele vê dificuldades de ser presidente da sigla e da República, mas não descartou essa possibilidade", disse o porta-voz, ao ser questionado por uma repórter se ele ou o filho, Flávio, seria o presidente da sigla. "Então, sendo assim, teremos que esperar a convenção", completou.

O presidente Jair Bolsonaro assinou hoje a desfiliação do PSL, afirmaram seus advogados Karina Kufa e Admar Gonzaga após reunião com o presidente no Palácio do Planalto. O documento assinado por Bolsonaro agora será entregue à diretoria nacional do PSL enquanto outra via será entregue à Justiça Eleitoral. No caso, no Rio de Janeiro por ser o domicílio eleitoral do presidente da República, disse Kufa.

Bolsonaro está se desfiliando do PSL após brigas internas na sigla e para fundar um novo partido chamado Aliança pelo Brasil. O lançamento do APB está marcado para esta quinta-feira (21) em Brasília. A expectativa é que pelo menos 30 políticos do PSL acompanhem Bolsonaro na mudança.

O PSL conta hoje com 53 dos 513 deputados federais, segunda maior bancada atrás apenas do PT, e três dos 81 senadores. A reunião para oficializar a decisão de sair do PSL aos aliados e discutir os meios da criação da nova sigla foi em 12 de novembro.

Uma possibilidade é que Jair Bolsonaro assuma a presidência do Aliança pelo Brasil, tanto para ficar no comando de fato quanto para se licenciar e abrir espaço para o filho e senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) no cargo.

De acordo com Kufa, uma vez desfiliado, não há impedimento para que Bolsonaro seja escolhido como presidente do Aliança na quinta-feira.

A vontade do grupo pró-Bolsonaro dentro do PSL é que o Aliança pelo Brasil seja lançado até março do ano que vem para que possam lançar candidatos próprios nas eleições municipais do ano que vem. Estarão em disputa os cargos de prefeitos e vereadores.

Seguindo a Justiça Eleitoral, o grupo agora precisa colher 500 mil assinaturas em ao menos nove estados e entregá-las ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até março de 2020 para tanto.

Bolsonaro x PSL

A rixa entre Jair Bolsonaro e o PSL teve início já em fevereiro, quando Gustavo Bebianno, então ministro da Secretaria-Geral da Presidência foi exonerado após brigar publicamente com o vereador fluminense Carlos Bolsonaro.

Naquele mesmo mês, o principal cacique do PSL, o presidente nacional da sigla Luciano Bivar, era alvo de investigações da PF (Polícia Federal) e MP (Ministério Público) que apuravam se ele havia feito uso de caixa dois durante a campanha eleitoral.

Em março, a Justiça Eleitoral autorizou a PF a investigar uma candidata do PSL em Pernambuco que teria atuado como laranja para que o partido recebesse R$ 400 mil em verba pública eleitoral. Essas denúncias irritaram Bolsonaro.

Além disso, ao longo do primeiro semestre, membros do PSL votaram contra o governo na Câmara, como na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que engessou parte do Orçamento e tornou obrigatório o pagamento de despesas que poderiam ser adiadas.

Depois, o deputado federal Alexandre Frota deixou o PSL-SP e foi para o PSDB fazendo críticas públicas públicas ao presidente e seus três filhos políticos: Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro. Junto a Frota, o então líder do PSL na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO), também os criticou com veemência.

Sem saber que estava sendo gravado, Bolsonaro pediu para um simpatizante apagar um vídeo em que enaltecia Luciano Bivar, afirmando que o presidente da sigla estava "queimado pra caramba" e recomendou ao apoiador esquecer o PSL. Uma semana depois, a PF deflagrou operação de busca e apreensão contra Bivar.

Em outubro, houve nova rusga entre Delegado Waldir e Eduardo Bolsonaro. Na luta de braço, Eduardo assumiu a liderança do PSL na Câmara. Waldir saiu atirando, chamando o presidente de "vagabundo" e prometendo implodi-lo.

Como novo líder do PSL, Eduardo substituiu a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) na liderança do governo no Congresso pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO).

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