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Depois da troca de acusações, Witzel pede audiência com Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro ao lado do governador Wilson Witzel - 27.jul.2019 - Reprodução
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do governador Wilson Witzel Imagem: 27.jul.2019 - Reprodução

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

26/11/2019 10h55

Resumo da notícia

  • Depois da briga pública com Bolsonaro, Witzel solicitou uma audiência com o presidente
  • Em ofício enviado ao Palácio do Planalto, ele diz que pretende tratar de "assuntos de interesse do Rio"
  • Witzel está em Brasília nesta semana e, entre outros temas, debate possível ingresso no PSL

Depois da troca de acusações entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (atualmente sem partido), e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), o chefe do Executivo fluminense solicitou uma audiência entre eles. Em ofício enviado ao Palácio do Planalto, o governador afirma que pretende debater "assuntos de relevante interesse para o estado do Rio de Janeiro".

No texto, Witzel elenca entre os temas da reunião o RRF (Regime de Recuperação Fiscal) do Rio e políticas de segurança pública. "Há necessidade de debater com o Governo Federal ações para diminuir o ingresso de armas e drogas no Estado", afirma. A mensagem termina com o pedido para que o encontro seja realizado nesta semana —quando Witzel estará em Brasília para tratar, entre outros temas, uma possível ida para o PSL, antigo partido de Bolsonaro— e uma mensagem que "reforça os votos de estima e admiração" ao presidente.

O pedido para uma reunião feito por Witzel acontece menos de uma semana depois de Bolsonaro afirmar que Witzel utiliza as investigações do caso Marielle Franco para fins políticos, já que manifestou vontade de concorrer à presidência em 2022. Nas palavras dele, a sua vida "virou um inferno" desde a eleição do ex-aliado.

"Acabaram as eleições e ele botou na cabeça que quer ser presidente. Direito dele e de qualquer um de vocês. Mas ele botou na cabeça destruir a reputação da família Bolsonaro. A minha vida virou um inferno depois da eleição do senhor Wilson Witzel, lamentavelmente", declarou Bolsonaro.

A fala do presidente gerou reação de Witzel que afirmou que o presidente havia "passado dos limites" e prometeu processá-lo.

"As acusações do presidente, aliás, do Jair Bolsonaro... As declarações não são de um presidente, são do sujeito Jair Bolsonaro. São acusações levianas. Ele está acusando um governador de estado de manipulação. A polícia do Rio de Janeiro é independente. O senhor Bolsonaro passou dos limites. Vou tomar providências legais contra ele e iniciar uma ação penal para que ele pare de me acusar de fatos que não pratiquei. Da minha parte, eu tenho a consciência tranquila", disse, na ocasião.

Bolsonaro foi citado na apuração do caso por um porteiro do condomínio onde mantém casa no Rio de Janeiro. Num depoimento à Polícia Civil, o funcionário atribuiu a Bolsonaro a autorização para entrada no condomínio Vivendas da Barra de um dos acusados do crime. Em nova oitiva, desta vez à Polícia Federal, o porteiro recuou e disse que errou ao citar o presidente.

Witzel tenta tirar escolta de bolsonaristas do PSL, mas Justiça proíbe

Em um ato interpretado como retaliação aos deputados estaduais do Rio fiéis a Bolsonaro, Witzel decidiu, no último sábado (23), retirar a escolta feita pela Polícia Militar para parte da bancada do PSL. No entanto, os deputados conseguiram reverter a decisão horas depois.

No total, 15 policiais militares que deixariam de escoltar os desafetos do governador. Entre os deputados do PSL que teriam a escolta retirada estão Alana Passos, Anderson Moraes, Dr. Serginho, Márcio Gualberto e Filippe Poubel. Todos fazem parte do grupo que esteve na última quinta-feira (21) em Brasília, no lançamento do Aliança pelo Brasil, e verbalizaram vontade de trocar de partido assim que a legislação eleitoral permitir.

Entenda a crise entre Witzel e Bolsonaro

  • O governador Witzel (PSC) se elegeu e iniciou o governo apoiando Bolsonaro
  • A bancada estadual do PSL no Rio apoiava o governo Witzel
  • Mas parte do bolsonarismo começou a ver em Witzel anseios de competir com Bolsonaro
  • Flávio Bolsonaro, presidente do PSL no Rio, determinou que o partido deixasse a base de apoio a Witzel -- o que nunca aconteceu integralmente
  • A situação se agravou com reportagem na Globo associando Bolsonaro ao caso Marielle. O presidente da República diz que Witzel vazou o depoimento do porteiro do condomínio que fazia essa ligação
  • Com a saída de Bolsonaro do PSL, Witzel vê espaço no partido
  • Parte do PSL deve migrar para o partido de Bolsonaro
  • E quem fica deverá escolher lealdade entre Bolsonaro e Bivar