Entre 161 países, Brasil é o 3º com maior queda na liberdade de expressão
Resumo da notícia
- ONG comparou liberdade de expressão em 161 países
- Entre 2015 e 2018, Brasil teve a terceira pior degradação do mundo em termos de liberdade de expressão
- Estudo aponta ainda que, com Bolsonaro, liberdade no Brasil piorará ainda mais rápido
Em três anos, o Brasil piorou consideravelmente os indicadores de liberdade de expressão e registrou a terceira maior queda no quesito entre os países analisados pela organização internacional Artigo 19, em relatório divulgado hoje.
Entre 2015 e 2018, a liberdade de expressão no mundo só diminuiu mais na Polônia e na Nicarágua — nações submersas em regimes autoritários, em dois polos políticos opostos.
O estudo analisou 161 países de todos os continentes. Na América do Sul, conforme o relatório divulgado, o Brasil se encontra em sétimo lugar quanto à liberdade de expressão.
No ranking global, a Dinamarca encabeça a lista, seguida de Noruega, Suécia, Suíça e Estônia. O Brasil ficou na 70ª posição, atrás de países como República Dominicana, Nigéria e Gabão.
Liberdade de expressão na América do Sul
- Uruguai: 0.883
- Chile: 0.848
- Argentina: 0.788
- Peru: 0.717
- Equador: 0.694
- Bolívia: 0.618
- Brasil: 0.587
- Paraguai: 0.567
- Colômbia: 0.463
- Venezuela: 0.089
Como se mede a liberdade de expressão?
Para chegar no coeficiente do estudo, a Artigo 19 utiliza 39 indicadores e os aplica em cinco pilares:
- Espaço cívico: mede o espaço para debates públicos e manifestações, por exemplo;
- Digital: avalia a capacidade dos cidadãos de se expressarem na internet;
- Mídia: mede a qualidade do ambiente para jornalistas e veículos de imprensa;
- Proteção: analisa a segurança de todos que se expressam, incluindo jornalistas;
- Transparência: mede a eficácia na obtenção de informações do governo e na fiscalização de agentes públicos.
O estudo avalia o índice de liberdade de expressão no país em 2018, mas os pesquisadores alertam que, em função dos ataques à imprensa impetrados pelo atual governo, a tendência é que a situação se deteriore:
"A perspectiva é que a liberdade de expressão diminua ainda mais no país sob a gestão do presidente Jair Bolsonaro, que, desde a corrida eleitoral, vem dirigindo ataques a jornalistas, veículos de comunicação, ativistas e organizações da sociedade civil".
Desde que assumiu o governo, em janeiro, Bolsonaro colecionou ataques a imprensa, em especial ao Grupo Globo e ao jornal Folha de S. Paulo. Na empreitada mais recente, também considerada a mais grave, o presidente excluiu a Folha de uma licitação da Presidência para fornecimento de acesso digital ao noticiário da imprensa. Dias depois, voltou atrás da medida e revogou a licitação.
"Com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil se tornou um lugar ainda mais perigoso para se comunicar. Seus ataques verbais à mídia têm sérias repercussões na segurança de jornalistas e defensores dos direitos humanos. (...) É urgente que cessem as narrativas oficiais e políticas divisoras que promovem desinformação, a polarização e o ódio", disse em nota a diretora executiva da Artigo 19, Denise Dora.
Violência contra jornalistas
O texto do Relatório de Expressões Globais (tradução livre do nome do documento em inglês) cita também o ambiente violento para a atuação de jornalistas e comunicadores no país. O estudo afirma que "35 crimes graves foram cometidos contra jornalistas e comunicadores em 2018 — número que está entre os mais altos da América do Sul.
No começo deste ano, o UOL relatou que ao menos 64 jornalistas foram assassinados no Brasil desde 1995, todos os crimes em função da profissão. O dado foi levantado a partir de um relatório do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) com o apoio do ministério da Justiça e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em 2018, o Brasil figurou entre os dez países onde mais jornalistas são assassinados. Naquele ano, quatro profissionais foram assassinados, mesmo número registrado nas Filipinas.
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