Bolsonaro vê "abuso" do MP na investigação contra Flávio e ataca Witzel
Resumo da notícia
- Em conversa com jornalistas, presidente questiona vazamento de informações do MP
- Jair Bolsonaro questiona postura de governador do Rio, que era ligado a Flávio
- Ele acredita que postura de Witzel está relacionada à ambição de ser presidente
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje enxergar abusos na atuação do Ministério Público ao comentar investigação sobre a conduta do filho e senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), mas negou possível interferência no órgão e voltou a atacar Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro.
A declaração foi dada ao ser questionado se acredita haver uma tentativa exagerada de associar questões ligadas aos filhos dele com o objetivo de prejudicar o governo. Bolsonaro conversou com jornalistas por mais de duas horas hoje pela manhã no jardim interno do Palácio da Alvorada, em Brasília, com participação do UOL.
"Os caras vazam e julgam?"
"O processo está em segredo de Justiça? Está, né? Quem é que julga? É o MP ou é o juiz? Pô, os caras vazam e julgam? Paciência, pô. Qual que é a intenção? Esse estardalhaço enorme. Será que é porque falta materialidade para ele e o que vale é o desgaste agora? Quem está feliz com essa exposição absurda na mídia? Alguém está feliz com isso. Se eu não tiver cabeça no lugar, eu alopro?", afirmou.
"A questão do MP está sendo um abuso. Qual a minha interferência? Zero. O caso do Witzel... o cara ficou ali o tempo todo com o Flávio [Bolsonaro]. Só não vi dando beijo no Flávio de língua. Bitoquinha, já vi. Acabou a eleição, sobe à cabeça dele 'quero ser presidente da República' e começa esse inferno na minha vida", completou.
Erro ao chamar jornalista de "homossexual terrível"
Ontem, Bolsonaro atacou jornalistas e disse que um repórter tem "cara de homossexual terrível" quando questionado sobre investigação que apura a conduta do filho e senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Hoje, considerou ter errado ao dar a declaração.
"É lógico que a gente reflete. Eu me controlo quando eu passo para conversar com vocês. Eu sei que vocês provocam para ter manchete. [...] Para quem que eu falei que era terrivelmente homossexual? Não está aqui hoje? Manda um beijo para ele. É igual futebol: ali na frente, de vez em quando, você mande seu colega para a ponta da praia. Depois vai tomar uma tubaína com ele", declarou.
Poderes precisam ter algum controle, diz presidente
Na avaliação do presidente, todos os Poderes precisam passar por alguma forma de controle de suas ações. "Quando começa a perder o controle e a buscar pelo em ovo. Eu sou réu no Supremo. Já sofri muito processo", disse.
No entanto, negou interferir no Ministério Público, em outros órgãos e ministérios, como o Ministério da Justiça e Segurança Pública, sob o comando do ex-juiz Sergio Moro.
PF deveria cuidar do caso Marielle?
Como exemplo, citou a possibilidade de se federalizar a investigação do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (Psol-RJ), e do motorista Anderson Gomes, mortos em 14 de março de 2018. Bolsonaro afirmou que "seria bom", mas poderia ser visto como indicativo de que deseja se blindar por meio da Polícia Federal, vinculada ao Ministério da Justiça.
O presidente reconheceu que o crime é de difícil esclarecimento. Porém, não deixou de criticar o andamento da apuração. Em especial, depois de que teve o nome citado por um porteiro do condomínio onde mantém casa na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. Um dos suspeitos de envolvimento no crime também mantém residência no local.
"Não vou interferir na decisão do Moro. Acho que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) está para decidir essa questão [da federalização]. A certeza é uma: está sendo pessimamente conduzido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro", criticou.
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