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Rodrigo Maia, sobre denúncia contra Gleen Greenwald: Jornalismo não é crime

Para presidente da Câmara, denúncia do MPF "uma ameaça à liberdade de imprensa" - Kleyton Amorim/UOL
Para presidente da Câmara, denúncia do MPF "uma ameaça à liberdade de imprensa" Imagem: Kleyton Amorim/UOL

Do UOL, em São Paulo

21/01/2020 17h22Atualizada em 21/01/2020 20h34

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), prestou apoio hoje ao jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil. Greenwald foi denunciado hoje pelo Ministério Público Federal (MPF) sob acusação de participação em esquema de invasão de celulares de autoridades brasileira.

Em sua conta no Twitter, Maia afirmou que "a denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald é uma ameaça à liberdade de imprensa". "Jornalismo não é crime. Sem jornalismo livre não há democracia", escreveu.

A denúncia de hoje foi assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, embora o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) tenha proibido investigações sobre o jornalista em agosto. O MPF afirma que, embora Greenwald não tenha sido investigado ou indiciado, auxiliou, incentivou e orientou o grupo responsável pelas invasões.

Diversas personalidades políticas se manifestaram sobre o caso. Marco Feliciano e Eduardo Bolsonaro criticaram o jornalista. Já nomes como Ciro Gomes, Luiz Inácio Lula da Silva e Gleisi Hoffman manifestaram apoio.

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Conversa entre Greenwald e hacker

O MPF afirma que decidiu incluir Greenwald na denúncia após análise de um MacBook apreendido com autorização da Justiça na casa de um dos investigados na operação Spoofing. No aparelho foi encontrado um áudio de um diálogo entre o jornalista e um suposto hacker.

A conversa, segundo a denúncia, teria acontecido logo após a divulgação, pela imprensa, da invasão sofrida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

No áudio, segundo o MPF, o hacker diz que as invasões e o monitoramento das comunicações telefônicas ainda eram realizadas e pede orientações ao jornalista sobre a possibilidade de "baixar" o conteúdo de contas do Telegram de outras pessoas antes da publicação das reportagens pelo site The Intercept.

O jornalista, então, teria recomendado ao hacker apagar as mensagens que já haviam sido repassadas a ele de forma a não ligá-los ao material ilícito, "caracterizando clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos".

"Greenwald, diferentemente da tese por ele apresentada, recebeu o material de origem ilícita, enquanto a organização criminosa ainda praticava os crimes", diz a denúncia.

O jornalista Glenn Greenwald disse hoje que a denúncia em que o Ministério Público Federal "é uma tentativa óbvia de atacar a imprensa livre em retaliação pelas revelações que relatamos sobre o ministro Moro e o governo Bolsonaro".

"Não seremos intimidados por essas tentativas tirânicas de silenciar jornalistas. Estou trabalhando agora com novos relatórios e continuarei a fazer meu trabalho jornalístico. Muitos brasileiros corajosos sacrificaram sua liberdade e até sua vida pela democracia brasileira, e sinto a obrigação de continuar esse nobre trabalho", diz a nota do jornalista.

O MPF afirmou que o jornalista não era alvo das investigações, em respeito à medida cautelar proferida pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, que proibiu investigações contra Greenwald. Uma cópia da denúncia será encaminhada à Procuradoria-Geral da República para que subsidie eventual pedido de revogação da decisão do ministro.

Ouça o podcast Baixo Clero, com análises políticas de blogueiros do UOL. Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e outras plataformas de áudio.

Glenn Greenwald vê denúncia do MPF como ataque à liberdade de imprensa no Brasil

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