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Após fritar Sergio Moro, Bolsonaro retuíta ministro sobre segurança pública

Presidente Jair Bolsonaro e ministro da Justiça, Sergio Moro, durante cerimônia no Palácio do Planalto - Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro e ministro da Justiça, Sergio Moro, durante cerimônia no Palácio do Planalto Imagem: Adriano Machado

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

25/01/2020 16h34Atualizada em 25/01/2020 16h59

Após fritar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) resolveu afagar o ministro. O presidente retuitou hoje uma postagem em que Moro exalta dados de prisões de lideranças do crime organizado em presídios federais.

Na postagem original, Moro também elogia Bolsonaro ao dizer estarem sendo, no governo, "firmes com o crime organizado" seguindo a orientação do presidente, marcado no Twitter.

Na quarta (22), ao se reunir com secretários estaduais de Segurança no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que a recriação do Ministério da Segurança Pública, tirando-o do poder de Moro, "poderia melhor gerir a questão da segurança".

Na manhã seguinte, o presidente reafirmou estudar recriar o Ministério da Segurança Pública, fundido com o Ministério da Justiça logo após a posse do mandatário, em janeiro de 2019. A medida representaria um duro golpe para o atual chefe do órgão, que teria sua pasta esvaziada.

Moro foi convidado por Bolsonaro ainda no período eleitoral de 2018. A ideia era assumir um ministério com dupla atribuição, o da Justiça e Segurança Pública. Foi nessas condições que o ex-juiz da Lava Jato topou renunciar à magistratura e migrar para o Executivo.

Ao longo do ano passado, Moro já havia se posicionado contra a separação da pasta atualmente quando questionado sobre o assunto. Em dezembro, por exemplo, disse não ver problema em se recriar o Ministério da Segurança Pública, mas não no momento separando secretarias que têm trabalhado articuladamente entre si, como a que combate o tráfico de drogas.

"O ministério é mais forte reunido com mais possibilidade de reunir políticas públicas", disse. Na época, avaliou que o movimento separatista estava "um pouco superado".

Depois das declarações favoráveis à viabilidade da separação das pastas, Bolsonaro recuou e afirmou haver "zero chance" de o Ministério da Segurança Pública ser recriado "no momento" embora não soubesse sobre "o amanhã".

Se a pasta fosse recriada, o ex-juiz federal da Operação Lava Jato perderia o comando da Polícia Federal e estruturas importantes no combate à corrupção.

A volta atrás se deu após Moro sinalizar a interlocutores próximos que poderia deixar o governo se Bolsonaro levasse a intenção adiante. O ministro vem sendo desafiado pelo presidente nos últimos meses ao não ter todos os seus projetos e suas posições defendidos pelo Planalto com afinco.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro ressente-se da popularidade de Moro e preocupa-se com a possibilidade de o ministro se lançar candidato à Presidência da República em 2022.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada em dezembro, Moro fechou o primeiro ano do governo como o ministro mais bem avaliado e mais popular do que o próprio presidente. Enquanto isso, ambos vão vivendo uma relação de morde e assopra antes restrita aos bastidores.

Em entrevista ao Jornal da Band ontem, Bolsonaro disse "não existe qualquer fritura e nem qualquer tentativa de esvaziar" Moro. Ele acrescentou não precisar "fritar ministro para demitir".