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Enfraquecido por Bolsonaro, Onyx perde protagonismo em ida ao Congresso

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Luciana Amaral e Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

03/02/2020 19h32

Resumo da notícia

  • Poucos parlamentares fizeram questão de cumprimentar Onyx no Congresso
  • Ministro-chefe da Casa Civil perdeu poder no governo Bolsonaro

Enfraquecido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última semana após perder atribuições e seu número dois na pasta, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), perdeu o protagonismo perante parlamentares em ida ao Congresso Nacional hoje.

Onyx foi ao Congresso entregar a mensagem do presidente da República na volta aos trabalhos dos senadores e deputados após o recesso de final de ano. A sessão solene conjunta aconteceu no plenário da Câmara dos Deputados hoje à tarde e contou com somente 65 dos 513 deputados. O número de senadores não foi disponibilizado pela Mesa Diretora do Congresso Nacional.

O ministro chegou acompanhado do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, e subiu a um dos salões do Congresso. Após a chegada dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), ao local, entraram juntos no plenário da Câmara, onde foi realizada a sessão por ser mais espaçoso.

Alcolumbre e Maia andaram lado a lado, e à frente de Onyx, que foi acompanhado pela primeira-secretária do Congresso, deputada federal Soraya Santos (PL-RJ), responsável por ler a mensagem de Bolsonaro em plenário.

Quase sem contato

Durante a sessão, Onyx sentou-se numa das pontas da mesa principal do plenário ao lado de Maia. Até Alcolumbre declarar abertos os trabalhos legislativos, Onyx e Maia ficaram ambos em seus respectivos celulares e não procuraram conversar entre si. Poucos parlamentares também fizeram questão de cumprimentar Onyx enquanto sentado.

Embora sejam do mesmo partido, os dois nunca se entenderam bem desde quando Onyx atuava como deputado federal. Enquanto Maia já se posicionava como um dos principais articuladores da Câmara, Onyx era considerado do baixo clero. O ministro de Bolsonaro só foi ganhar mais visibilidade ao relatar projeto de 10 medidas contra a corrupção, no segundo semestre de 2016.

No momento em que se levantou para entregar o livro com a mensagem do Poder Executivo a Alcolumbre, Onyx teve de pedir que Rodrigo Maia se levantasse para também receber as palavras e tirasse foto.

A sessão contou com discursos do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, e de Maia. Durante os discursos, apenas Maia foi aplaudido entre os presentes. No final, Onyx foi cumprimentado por parte dos parlamentares presentes, mas não chegou a ser assediado para fotos e conversas. Por parte da imprensa, a maioria estava interessada na fala do ministro sobre coronavírus, não sobre articulação política.

O ex-articulador

Onyx começou 2019 no governo Bolsonaro como um dos principais articuladores do Planalto com o Congresso. Embora tenha sido importante para a aprovação da reforma da Previdência, o ministro foi perdendo espaço ao longo dos meses.

Desde que assumiu a pasta, Onyx vem perdendo atribuições, como a articulação política, a SAJ (Secretaria de Assuntos Jurídicos) e, nesta semana, o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos).

Sem o PPI, caberá a Onyx apenas a função de "coordenar" ministérios. Na prática, trata-se de uma competência burocrática e sem relevância estratégica.

Seu número dois na pasta, o assessor especial Vicente Santini, foi exonerado —sem antes ser demitido pela primeira vez e realocado em cargo semelhante na Casa Civil - após viajar para a Suíça e a Índia com outras duas assessores em avião da FAB (Força Aérea Brasileira).

Onyx estava em férias com a família nos Estados Unidos. Ele voltou uns dias antes do planejado para conversar com Bolsonaro. Não salvou o amigo, mas salvou o emprego, por enquanto.

Mitre: saída política e desafio para Onyx Lorenzoni

Band Notí­cias

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.