Bolsonaro recua e desiste de recontratar servidor que usou avião da FAB
Resumo da notícia
- Vicente Santini havia sido destituído do cargo de secretário executivo da Casa Civil
- Bolsonaro ficou irritado com o fato de Santini ter viajado com avião da FAB para a Índia
- Ontem, ele havia sido nomeado para outro cargo dentro do ministério
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recuou e desistiu de realocar o servidor Vicente Santini, que havia sido destituído do cargo de secretário executivo da Casa Civil depois de contrariar uma orientação interna e viajar em voo exclusivo da FAB (Força Aérea Brasileira). A decisão foi anunciada hoje.
Na prática, Bolsonaro decidiu recuar depois da repercussão negativa da readmissão do ex-secretário, considerado o "02" do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil).
Ao deixar o Palácio do Alvorada, na manhã de hoje, o presidente foi questionado sobre o fato de ter voltado atrás e se recusou a responder. Disse apenas que viajará durante a tarde para Belo Horizonte, onde sobrevoará as áreas afetadas pelas chuvas, e que mais informações estariam em suas redes sociais.
Santini havia sido destituído do cargo de alto escalão por ter usado um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) sem o consentimento da Presidência da República para viajar de Davos (Suíça), onde participou do Fórum Econômico Mundial, à Índia. No país asiático, ele integrou a comitiva de Bolsonaro. O adjunto no cargo, Fernando Moura, foi o escolhido para substituí-lo.
O vaivém de Santini durou cerca de 48 horas. Na volta da Índia, na manhã de segunda-feira (28), Bolsonaro classificou o ato do subordinado como "inadmissível" e lembrou que ministros titulares, com mais peso no governo, dispensaram o jatinho da FAB e utilizaram voos comerciais. Na ocasião, anunciou que mandaria demitir o então secretário.
"Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de executivo do Onyx [Lorenzoni]. Destituído por mim. Vou conversar com Onyx para decidir quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu, ponto final."
Ontem, Santini foi nomeado oficialmente para outro cargo dentro do ministério: assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo da Casa Civil.
Nas redes sociais, onde Bolsonaro costuma interagir com seus apoiadores, a notícia pegou mal para o chefe do Executivo. Seguidores o acusaram de promover uma "cabide de empregos" com a recontratação de Santini.
Além do recuo, Bolsonaro também anunciou hoje a exoneração do substituto de Santini na secretaria executiva da Casa Civil, Fernando Moura, e a transferência do PPI (Programa de Parcerias e Investimentos) da Casa Civil para o Ministério da Economia.
O deslocamento do PPI representa o esvaziamento de Onyx Lorenzoni, que já havia perdido, no ano passado, a atribuição da articulação política para a Secretaria de Governo (do ministro Luiz Eduardo Ramos).
Dessa forma, a Casa Civil passa a ter uma função praticamente burocrática, sem iniciativas estratégicas ou programas que tenham impacto para o Executivo.
"Imoral"
Na visão de Bolsonaro, o ato de Santini pode não ter sido "ilegal", já que ministros podem solicitar aviões da FAB, mas foi "imoral".
O presidente disse que, à época de deputado federal (ele foi parlamentar por 28 anos), sempre viajou em voos comerciais.
"O que ele fez não é ilegal, mas é completamente imoral. Ministros antigos foram de avião comercial. Classe econômica. Eu mesmo já viajei no passado, quando não era presidente, para a Ásia toda de comercial e classe econômica. Não entendi."
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