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Tebet defende Congresso e cutuca governo Bolsonaro: 'Cadê as reformas?'

Do UOL, em São Paulo

09/03/2020 22h52

A senadora Simone Tebet (MDB), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), defendeu o Congresso Nacional em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, e cutucou o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por não apresentar reformas necessárias ao país.

"É hora de ter equilíbrio e moderação. Se um lado não está tendo, é hora do outro ter. A resposta do Congresso não tem que ser virulenta, contrária à agenda do governo. É dizer: quais são os projetos? Fala-se tanto que o Congresso atrapalha o país próprio governo, mas cadê as reformas tão relevantes que o Brasil precisa, que toda semana diz que vai enviar e não se chega?", disse.

"Sei que a equipe econômica tem essas propostas prontas, mas o presidente precisa autorizar o envio delas. Então, na verdade, o Congresso Nacional tem feito muito pelo país", completou. "É preciso que os chefes de poderes, todos eles, sentem numa mesa com diálogo, com moderação, ter a consciência de que a crise internacional está atingindo em cheio o Brasil".

O presidente voltou a falar hoje sobre as manifestações marcadas para o dia 15 de março. Os atos são tidos como contrários ao Congresso e ao Judiciário, embora isso tenha sido negado pelo presidente, que afirmou semana passadas serem apenas movimentos "pró-Brasil".

A uma plateia de apoiadores em Miami, Bolsonaro declarou hoje que, se até o dia 15 de março o Congresso desistisse da proposta de manter o controle sobre R$ 15 bilhões do Orçamento, as manifestações marcadas para aquele dia poderiam nem acontecer, ou ao menos não terem a mesma força.

Para Tebet, já estamos diante de uma "crise institucional" e que Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, presidentes da Câmara dos Deputados e dos Senadores, respectivamente, estão lidando bem com a situação.

"Tem me surpreendido positivamente as respostas dadas pelos demais poderes, seja pelo judiciário, principalmente o STF, o intérprete mor da Constituição, estabelecer limites, regras, em nome da garantia constitucional, do estado democrático de direito, e tem sim me surpreendido positivamente os dois presidentes das casas do legislativo", afirmou a senadora.

Frustração no debate ideológico

Mesmo com as críticas ao Executivo, Tebet declarou que vê como "boa" a equipe escolhida por Bolsonaro para seu governo.

"[O presidente] Tem um excelente ministro da Economia, o ministro Sergio Moro dá uma credibilidade para o governo porque tem uma história de combate à corrupção. Eu tenho que reconhecer o trabalho da ministra Tereza Cristina, da Agricultura, do ministro da Saúde [Luiz Henrique Mandetta] que conheço há muitos anos, enfim, ele tem uma excelente equipe".

Para a senadora, talvez seja necessário fazer uma " diferença entre governo Bolsonaro e o próprio presidente" e que a frustração não foi na área técnica, mas, sim, pela ideologia.

"A expectativa se frustrou em uma outra área, não na técnica, mas nesse embate ideológico, nessa guerra que muitas vezes o presidente e alguns ao seu entorno colocam acima de discussões seríssimas do país", afirmou.

Ela ainda completou: "A grande guerra a ser travada não é mais ideológica, contra o passado. A guerra é contra o desemprego, a desigualdade social, a fome, o déficit fiscal que impede o Brasil a investir e se tornar grande. Não posso falar pelo outro lado, mas posso falar pelo nosso [do Congresso]. Nós estamos fazendo a coisa certa".