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Mandetta cobra Bolsonaro: 'Estamos prontos para caminhões levando corpos?'

Segundo Estadão, ministro admitiu contrariar publicamente presidente, que acenou com possível demissão - Isac Nóbrega/PR
Segundo Estadão, ministro admitiu contrariar publicamente presidente, que acenou com possível demissão Imagem: Isac Nóbrega/PR

Do UOL, em São Paulo

28/03/2020 23h26

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, apresentou hoje possíveis cenários no Brasil para a pandemia do novo coronavírus. E, segundo o jornal O Estado de São Paulo, advertiu o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido): não se trata de uma "gripezinha".

Em reunião com Bolsonaro e outros ministros, Mandetta traçou um paralelo: a morte de mil pessoas no país é equivalente à queda de quatro aviões comerciais de grande porte. Segundo dados divulgados hoje pelo ministério, o Brasil já teve 114 mortes em decorrência da covid-19.

"Estamos preparados para o pior cenário, com caminhões do Exército transportando corpos pelas ruas? Com transmissão ao vivo pela internet?", questionou Mandetta.

De acordo com o jornal, o ministro pediu a Bolsonaro que crie "um ambiente favorável" para um pacto entre governo federal, estados, municípios e setor privado, em busca de uma ação conjunta contra o coronavírus. O pedido teria como objetivo unificar regras e medidas, colocando critérios científicos sempre como prioridade no controle do contágio.

Mandetta teria sugerido ainda a criação de uma central de pessoal e equipamento para possibilitar o remanejamento rápido de leitos, respiradores, médicos e enfermeiros entre estados. Além disso, pediu para que Bolsonaro não menospreze a gravidade da situação em manifestações públicas, admitindo a possibilidade de criticá-lo na resposta. O presidente, segundo o jornal, rebateu e falou que iria demitir o ministro nesse caso.

O diário, citando fontes, afirmou que Mandetta não irá pedir demissão em meio à crise, mas admitiu deixar o ministério ao fim da pandemia se for o caso. Comprometeu-se, por outro lado, a não capitalizar politicamente em caso de sucesso, alegando não ter ambições políticas ou reivindicar posição de destaque.