Em seu pronunciamento na última terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contrariou as recomendações do Ministério da Saúde ao propor um isolamento vertical e declarar que por seu histórico de atleta, caso fosse diagnosticado com o coronavírus, teria apenas uma "gripezinha ou um resfriadinho". Depois da declaração, o ministro Luiz Henrique Mandetta adotou um discurso mais próximo ao do presidente e se contrapôs a sua própria recomendação.
No podcast Baixo Clero #29, Maria Carolina Trevisan e Diogo Schelp analisam a mudança no tom do ministro e se Mandetta poderia deixar o cargo ou se vai se manter seguindo o discurso do presidente para evitar uma turbulência na relação com o presidente.
"Esse discurso foi muito contraditório. Como é que ele poderia ter relativizado a quarentena que ele mesmo encampou dizendo que era essa a solução e que todo mundo tinha que seguir isso? Muito louco que as pessoas se mantiveram na quarentena, mesmo ele 'desfalando' o que falou, mesmo o Bolsonaro dizendo que isso não era importante. Pelo menos aqui em São Paulo, o que a gente vê é que as pessoas se mantiveram em quarentena", afirma Trevisan (disponível no vídeo acima a partir de 28:05).
Já Diogo Schelp vê o ministro tentando se equilibrar no discurso para não ficar distante de Bolsonaro vendo uma possível opção do presidente da República por Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, para um caso de saída do ministro.
"O Mandetta, eu ainda seguindo um pouco o que falei no último episódio, eu ainda acho que ele está tentando se equilibrar. E realmente é preocupante a ideia de que ele possa sair, porque é muito possível que no lugar dele o Bolsonaro coloque o Antônio Barra Torres, que é o presidente da Anvisa, que é bem mais alinhado com o presidente e desde o começo achou que as medidas de contenção de movimento das pessoas e tal eram exageradas, tanto que ele estava do lado do presidente naquele dia da manifestação", afirma Schelp.
"O Mandetta, vendo as ações dele, dá para imaginar que ele fala uma coisa que parece agradar o presidente, mas as ações do ministério continuam sendo bastante consistentes, basta ver a medida adotada recentemente relacionada a aquele remédio que estava sendo indicado como uma possível opção para o tratamento do coronavírus, a cloroquina", completa o jornalista.
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