Governadores cobram liderança de Bolsonaro e pedem ajuda contra a covid-19
Em debate realizado pelo UOL no começo da tarde de hoje, com foco nas medidas adotadas pelos estados em relação ao novo coronavírus, três governadores do país criticaram a forma como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem se posicionando em relação à crise na saúde pública e cobraram mais ajuda do governo federal.
Os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM) concordaram que o tom utilizado pelo ontem presidente em discurso em rede nacional foi "mais ameno", mas criticaram a posição de enfrentamento que o governo vem adotando e citaram um vácuo na coordenação nacional para combater a covid-19. A conversa foi mediada pelo colunista do UOL, Josias de Souza.
"A atuação do presidente dividia, divergia e, consequentemente, comprometia uma coordenação [entre estados, municípios e governo federal]. Esse discurso de ontem foi muito mais sereno, e vai de encontro ao chamamento que nós governadores estamos fazendo ao presidente, queremos ele ao nosso lado e liderando", disse o tucano Leite.
Casagrande convergiu com a opinião de Leite sobre a ausência de uma liderança por parte do governo federal e criticou Bolsonaro por ter postado hoje um vídeo com informações falsas usadas para atacar prefeitos e governadores.
"Infelizmente o histórico que estamos tendo é de enfrentamento. Ele [Bolsonaro] gosta de enfrentar uma crise criando outra. Ele tem dificuldade de buscar o diálogo, essa declaração de ontem já foi mais equilibrada, mas aí veio esse vídeo de hoje, que foi um acinte", disse o governador capixaba.
No vídeo, um homem cita um suposto desabastecimento no Ceasa (Central de Abastecimento) de Contagem, na Grande Belo Horizonte. A reportagem do UOL, entretanto, esteve no local nesta manhã e observou movimento normal.
O presidente vai do céu ao inferno, e do inferno ao céu, em poucos minutos. Isso atrapalha a coordenação.
Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo
Eduardo Leite também citou o vídeo postado hoje. "O presidente fez a manifestação ontem, mas hoje mesmo postou nas redes sociais uma manifestação inverídica", disse.
Para ele, isso gera um problema de colaboração em torno das medidas preventivas. "Tem que deixar de haver esse enfrentamento e termos que ter coordenação sobre as medidas preventivas".
Já Mauro Mendes, governador do Mato Grosso, afirmou que Bolsonaro não se pode acrescentar uma crise política ao atual momento.
"Juntar crise na saúde, crise econômica sem precedentes, e fazer aqui no nosso país mais uma crise política, de confronto, seria muito ruim. Bolsonaro se elegeu presidente fazendo um enfrentamento da classe política, do PT, e deu certo. Mas dificilmente dará certo para governar o país", argumentou Mendes.
Nossos inimigos não são as disputas internas, a eleição. Nosso inimigo é o coronavírus
Mauro Mendes (DEM), governador de Mato Grosso
Governo federal precisa fazer mais, dizem governadores
Na conversa, os governadores cobraram agilidade do governo em repassar os R$ 600 para trabalhadores informais e pediram mais ajuda para enfrentar a crise econômica cauda pela pandemia.
"As respostas têm de ser urgentes. As medidas que foram aprovadas no Congresso demoraram um pouco para sair", disse Leite.
"Não dá pra pensar em novo cadadstro [para a pessoa receber os recursos], tem que utilizar os cadastros já existentes, colocar o dinheiro não mão dos mais pobres o mais rápido possível."
Os governadores também pediram a renegociação das dívidas dos estados.
Casagrande declarou que as medidas apresentadas pelo Planalto são "um primeiro passo". "Mas acho que são insuficientes".
Para ele, outras possibilidades de ajuda estariam a respeito de adiamento de pagamento de parcelas de dívida com a União e bancos públicos. "Acho que o governo terá que dar outros passos. Essa é uma crise de médio prazo, de alguns meses. Não é uma crise de um mês" afirmou Casagrande.
Leite cobrou novas medidas do governo federal "para suprir a queda de receita que nós vamos ter com a redução da atividade econômica". "Serão necessárias medidas do governo federal para manter o emprego", disse o governador do Rio Grande do Sul
Outro ponto de reclamação é quanto à velocidade das ações. "Lamento em dizer que o ritmo não está adequado", disse Mendes.
UOL Debate
O debate realizado entre governadores hoje foi o quarto episódio do UOL Debate. Eles foram convidados para falar sobre medidas tomadas pelos estados e o desempenho do governo Bolsonaro para amenizar a crise que gerou a pandemia no país.
O UOL Debate reúne especialistas e nomes conhecidos do público para abordar o impacto da desaceleração da economia sobre as pessoas e as empresas, a reação dos governos aos enormes desafios impostos pelo coronavírus.
Também aborda os efeitos de uma sociedade em quarentena para a saúde mental e a educação das crianças, como esportistas e artistas estão lidando com a crise e as perspectivas para seus campos de atuação, entre outros temas.
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