Ao minimizar covid e isolamento, Bolsonaro repete passos de Trump
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou o domingo de Páscoa para, mais uma vez, minimizar os efeitos da pandemia do novo coronavírus. Em live com liderança religiosos, afirmou "parece que está começando a ir embora essa questão de vírus".
Seus argumentos são sobre os impactos da redução na economia, algo que já afeta 51% dos brasileiros segundo o Instituto Locomotiva. Os impactos da covid-19 na Saúde, porém, estão longe de estar perto do fim. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil apenas em maio entrará no período mais crítico da pandemia, com aceleração descontrolada de casos do novo coronavírus.
Essa não foi, contudo, a única atitude a minimizar as orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde) tomada por ele. Apenas neste feriado, o presidente causou aglomerações ao visitar obras de um hospital, foi a uma padaria sem equipamento de proteção e cumprimentou uma apoiadora após coçar o nariz. Também atacou mais uma vez governadores que adotaram medidas de restrição social e foi alvo de novas críticas na imprensa internacional.
Essa somatória de atitudes não só contraria a OMS como vai de encontro às ações de seu próprio ministro da Saúde. Pregando "uma fala unificada", o chefe da pasta, Luiz Henrique Mandetta, deu entrevista ao Fantástico na noite de ontem em que criticou a confusão causada pelo conflito de orientações: "Isso leva para o brasileiro uma dubiedade, ele não sabe se ele escuta o ministro da saúde ou se escuta o presidente da República".
Em entrevista à CNN americana, um dos mais respeitados epidemiologistas do mundo, Anthony Fauci, relatou a dificuldade que técnicos de saúde têm no debate político. "Muitas vezes, a recomendação é aceita. Às vezes, não é. Mas as coisas são como elas são, e (o que importa) é onde estamos agora."
Segundo ele, o país "poderia ter salvado vidas" se tivesse adotado mais cedo medidas restritivas. Atualmente, os EUA lideram em número de mortes — mais de 20,6 mil — e de casos — mais de 530 mil — segundo a Universidade John Hopkins.
Em comum com o caso brasileiro, a postura do presidente. No início da crise, Donald Trump também comparou a covid-19 a uma gripe comum, e dizia que o número de casos iria diminuir. Neste final de semana, já admite que ele pode chegar a 100 mil, cinco vezes o acumulado atual.
"Uma quarentena não será necessária", escreveu no Twitter no final de março sobre o estado de Nova York, que hoje está prestes a registrar 10 mil mortes.
No início de abril, Trump mudou sensivelmente o tom. Neste final de semana, disse que pretende anunciar na semana que vem um conselho que o ajudará nos próximos passos rumo à reabertura econômica. Reforçou, contudo, que o trabalho será pautado por fatos e que irá além dos impactos econômicos.
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