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Associação de peritos aponta falta de critério em troca de comando na PF

Maurício Valeixo foi exonerado do cargo de diretor-geral da PF - DENIS FERREIRA NETTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Maurício Valeixo foi exonerado do cargo de diretor-geral da PF Imagem: DENIS FERREIRA NETTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

24/04/2020 07h48

O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, disse em entrevista à CNN Brasil que a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, gera preocupação e instabilidade por não atender a critérios objetivos.

"O que mais chamou a atenção foi a questão da surpresa. Em segundo lugar, a preocupação que toda corporação tem por não ter apresentado nenhum critério claro. É uma prerrogativa do ministro e do presidente a troca, mas em um órgão como a polícia federal é importante que tenha algum tipo de métrica, algum critério", disse.

"A falta de uma justificativa gera uma instabilidade. Traz preocupação não só pela troca, mas fica uma situação para os próximos diretores gerais. Gera uma instabilidade em relação a projetos, estrutura, de um órgão tão importante. A gente entende as trocas podem existir, não é incomum, mas em um órgão como a PF, que atua de forma republicana e autônoma, que tenha esses critérios objetivos", completou.

Ainda sem saber quem será o substituto de Valeixo, Marcos Camargo disse esperar que não haja prejuízo em investigações em curso e que a autonomia da Polícia Federal seja preservada. "A gente espera e fará essa cobrança que um próximo diretor geral para que não haja um prejuízo a inquérito, produção de provas?"

Ontem, Marcos Camargo já havia assinado uma nota da associação criticando a troca, oficializada hoje pelo presidente Jair Bolsonaro em publicação no Diário Oficial da União (DOU).

"Diante das especulações sobre eventual troca no Ministério da Justiça e Segurança Pública e na Direção-Geral da PF, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) alerta, como já fez em outras ocasiões, que a prerrogativa de mudar a chefia dos órgãos não dá ao Executivo carta branca para destituir, sem critérios claros, os ocupantes das funções. Isso abre perigoso precedente que passa a ameaçar, inclusive, futuros ocupantes dos cargos. Respeitar a PF como instituição é fundamental para assegurar a efetividade do combate ao crime, doa a quem doer", diz a nota.

Associação dos delegados teme instabilidade

O presidente da Associação de Delegados da Polícia Federal, Edvandir Paiva, disse em entrevista à CNN Brasil que a mudança no comando da Polícia Federal tem como efeito negativo gerar instabilidade.

"A PF não pode passar por tantas mudanças. Gera instabilidade", disse Edvandir, dizendo que Valeixo já havia anteriormente mostrado sinais de desconforto com as informações de possível exoneração desde o ano passado. "Estava penoso para ele".

Ele ainda falou sobre a situação de Sergio Moro à frente do ministério da Justiça e Segurança Pública."Estamos num presidencialismo, se não está alinhado com o presidente, não tem condições de ficar (ministro). Se não consegue manter alguém de sua confiança, fica enfraquecido e deve pensar se fica no cargo", disse.