Para Janot, 'caberia investigação' após acusações de Moro contra Bolsonaro
Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, se disse perplexo com as declarações feitas hoje por Sergio Moro, agora ex-ministro da Justiça, em pronunciamento. No entanto, em entrevista à Rádio Gaúcha, Janot afirmou que ainda é cedo para imputar crimes ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
"O que houve foi uma declaração de um ministro, ele faz algumas revelações de muita perplexidade. Para falar de imputação de crime precisa aprofundar um pouco mais as afirmações", afirmou o titular da PGR entre 2013 e 2017.
No entanto, para Janot, a PGR precisara ter uma atuação firme para resolver os fatos. "A constituição não permite a investigação do presidente por atos fora do mandato, mas nesse caso, caberia investigação", argumentou.
Entre as declarações de hoje, Moro afirmou que Bolsonaro exonerou o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, para trocar o comando da organização e ter acesso a investigações e relatórios, o que é proibido por lei. O ex-juiz disse também que não assinou o decreto apresentado de 23 de abril, no qual Valeixo é exonerado.
Ainda segundo Rodrigo Janot, a política do Brasil vive uma "pandemia institucional", uma crise iniciada quando o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) foi retirado do Ministério da Justiça. Em agosto de 2019, o órgão foi vinculado ao Banco Central e passou a se chamar Unidade de Inteligência Financeira.
"O que eu entendi é que a Polícia Federal seria o primeiro órgão impactado, mas que outros órgãos também seriam. O início dessa pandemia (institucional) começou no Coaf, quando foi retirado do Ministério da Justiça, pois são os órgãos de controle que estão na mira do desmonte", analisou o jurista, que classificou Moro com um "cidadão sério e de bem".
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