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Saída de Moro faz menção a impeachment de Bolsonaro crescer 140% no Twitter

Presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento no Palácio do Planalto -
Presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento no Palácio do Planalto

Igor Mello

Do UOL, no Rio de Janeiro

25/04/2020 04h00

As denúncias feitas por Sergio Moro, ao anunciar ontem a sua demissão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, fizeram a discussão sobre um possível impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) crescer 140% no Twitter. O levantamento foi feito pela empresa AP Exata, que trabalha com análise da discussão política nas redes sociais.

Foi analisada uma amostra de 412 mil tuítes geolocalizados, com uma abrangência de 145 cidades de todas as unidades da federação. O número de menções ao impeachment de Bolsonaro cresceu 140% na sexta-feira (24), em comparação com quinta.

De acordo com Sergio Denicoli, diretor da AP Exata, o volume da discussão sobre o impedimento do presidente Bolsonaro nunca foi tão grande. Além disso, o tom dos usuários na rede social ao tratar do assunto mudou.

"O impeachment apareceu pela primeira vez com mais força quando ocorreram os ataques contra a jornalista Patrícia Campos Mello [da Folha de S. Paulo]. Mas eram pessoas protestando e mencionando o impeachment. Hoje foi colocado como uma alternativa plausível e como a saída da crise. Isso nunca aconteceu dessa forma. É sem dúvidas a maior crise do governo", avalia.

Menções negativas a Bolsonaro

Durante a discussão sobre a saída de Moro, 71% das menções a Jair Bolsonaro — que costuma ser hegemônico nas redes sociais — foram negativas.

Segundo dados do Twitter, às 20h05 de ontem somente o termo "Moro" havia sido mencionado 2,41 milhões de vezes. As principais hashtags negativas relacionadas ao presidente somaram outras 1,21 milhões de menções. Entre os assuntos mais discutidos na rede social, apenas um era de apoio ao governo: a hashtag "#FechadosComBolsonaro" havia sido citada 324 mil vezes.

A análise da AP Exata mostra que os sentimentos negativos em relação a Bolsonaro também dispararam, com a crise envolvendo a saída de Moro. A tristeza foi o sentimento mais comum, chegando a 23% dos tuítes. O medo esteve presente em 17% dos posts, e a raiva, em 14%. A confiança no presidente, que era o sentimento mais comum até ontem, terminou o dia em quarto lugar, caindo de 27% para apenas 13% das mensagens.

Maior revés do governo nas redes sociais

A repercussão negativa fez com que o governo Bolsonaro sofresse seu maior revés nas redes sociais também no que diz respeito a contagem de apoiadores. Desde que foi eleito, o presidente vinha crescendo de maneira praticamente ininterrupta nessas plataformas.

No Instagram, onde tem 16,49 milhões de seguidores, Bolsonaro perdeu 52 mil. Essa é a segunda vez que o presidente perde apoiadores desde que subiu a rampa do Palácio do Planalto. Na anterior, em 4 de dezembro de 2019, a redução foi bem menor: 12 mil usuários.

Já no Facebook, onde sua página tem 10,44 milhões de curtidas, ele perdeu mais de 12 mil seguidores — desde que assumiu a presidência, Bolsonaro nunca havia perdido mais de 500 curtidas em apenas um dia.