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Bancada da bala fica no governo, mas pede volta do Ministério da Segurança

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

26/04/2020 10h42

Insatisfeita com a queda de Sergio Moro, a bancada da bala, uma das principais bases de apoio de Jair Bolsonaro (sem partido), pediu a recriação do ministério da Segurança Pública. A saída do ex-ministro da Lava Jato gerou um impasse, e o grupo de 300 parlamentares cogitou se declarar independente em relação ao governo.

Bolsonaro uniu os ministérios da Justiça e Segurança Pública quando convidou Moro para entrar no governo. Tido como superministro, ele rompeu com o presidente e abriu uma crise política no Palácio do Planalto na última semana.

O coordenador da bancada da bala, deputado Capitão Augusto (PL-SP), disse ao UOL que o grupo discutiu o desembarque do governo. Desde janeiro a atuação dos parlamentares estava mais alinhada a Moro do que a Bolsonaro.

"Há uma preocupação muito grande com a parte econômica durante a pandemia e pós-pandemia e infelizmente essa parte econômica está muito ligada à criminalidade. O pessoal está considerando o Brasil, vamos considerar página virada. Ficam cicatrizes e mantemos contrariedade com a saída de Sergio Moro, mas temos que pensar na segurança", disse Capitão Augusto.

No ofício divulgado hoje, a frente pontuou que desde 2016 pleiteava a recriação da pasta voltada para o tema.

"Pelo exposto, a bancada torna público à sociedade brasileira seu firme pleito, para que o presidente da República atue pelo resgate do Ministério da Segurança Pública, especialmente pela amplitude e complexidade da pasta, por fim, este colegiado lhe reitera os votos de estima e consideração, para que com a soma de esforços possamos continuar o resgate da ordem e do progresso no Brasil", informou.

Como não houve consenso sobre a saída do governo, o grupo decidiu pedir a recriação de uma pasta. Segundo Augusto, a permanência como base não está condicionada à recriação da pasta. O parlamentar lembrou que na gestão Michel Temer (MDB), os pedidos da recriação da Segurança Pública foram atendidos. O órgão era coordenado por Raul Jungmann.

"A gente vai pedir a divisão para que seja recriada a pasta do Ministério da Segurança e vamos fazer uma indicação de quem a gente acha que é a pessoa ideal para estar a frente da pasta", disse Augusto.

Negociações

Aumentar a participação do Congresso no governo é uma preocupação de Jair Bolsonaro. Desde o começo do mês, o presidente se reuniu com caciques dos principais partidos do centrão - grupo formado por DEM, PP, PL, PSD, MDB, Republicanos e Solidariedade - para dialogar sobre apoio no Congresso. Para alguns dos caciques, Bolsonaro ofereceu cargos em bancos públicos e secretarias.

Com a reviravolta da queda de Moro e as trocas de acusações com o presidente, o centrão negocia o espaço que terão na gestão e o apoio que será dado.

Enquanto Bolsonaro tenta organizar uma base, diferentes partidos protocolaram pedidos de impeachment. Um deles foi o PSL, sigla que elegeu o presidente.