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Aproximação de Bolsonaro com Centrão é tardia e equivocada, diz Collor

Do UOL, em São Paulo

28/04/2020 11h52

O senador Fernando Collor de Mello (PROS-AL) afirmou que é "equivocado" o movimento de aproximação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o Centrão. A declaração foi dada em entrevista ao jornalista e colunista do UOL Josias de Souza, na manhã de hoje.

"É tardio (movimento com Centrão). Demorou demais e agora de afogadilho iniciar esse tipo de contato. Não é tão agradável essas investidas que o presidente está fazendo. Está fazendo de um modo equivocado, presidente da Câmara não está participando", disse.

Bolsonaro vem se aproximando do Centrão para ter uma base maior em votações na Câmara. Uma das medidas vem sendo as reuniões com líderes dos partidos para discutir nomes para o segundo escalão do governo.

Conflitos fazem Bolsonaro caminhar para impeachment

Collor critica, ainda, "desencontros" na atual gestão.

Veja quantos conflitos [estão existindo] com essa questão das fake news, investigações levadas a efeitos dentro do STF. Veja quantos problemas nós estamos vivenciando e todos esses problemas se locomovem na direção do autor e do foco, o Executivo, e autores são pessoas muito próximas do presidente, são filhos do presidente. O presidente da República tem o núcleo duro das decisões dele, é formado por ele e pelos filhos dele.

É, entre outras causas, por causa desse comportamento, analisa o senador, que, segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) caminha para um processo de impeachment.

De acordo com o ex-presidente, que foi alvo de uma ação semelhante em 1992 e renunciou ao cargo antes da conclusão, a abertura do inquérito contra Bolsonaro é o primeiro passo para o processo.

Ontem, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de investigação para apurar as denúncias feitas por Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública.

"Quando digo [que o impeachment] é imprevisível, me refiro à maneira pela qual ele terá o desenlace", diz. "Pelo que já vivi isso são favas contadas. Se houver manifestação do Supremo (Tribunal Federal) indo para o Congresso, será autorizado esse processo imediatamente", analisou Collor.

De acordo com o senador, ainda há dependência do oferecimento de denúncia, mas se isso ocorrer o quadro político deve encaminhar a ação para o impeachment. "É imprevisível se vai ser de um lado ou do outro; mas que é um desenlace anunciado, é", disse Collor. De acordo com Collor, o presidente retomou a prática do "toma lá dá cá", que Bolsonaro criticou durante sua campanha presidencial no ano passado.

Isolamento social

Para o ex-presidente, a divergência entre Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta reduziu a adesão ao isolamento social como forma de combate à disseminação do novo coronavírus.

A divergência entre presidente e ministro causou uma confusão na cabeça das pessoas. Taxa de isolamento social vem caindo contra todas as recomendações médicas. Alguns pegaram o que o presidente falou.

Mandetta acabou substituído por Nelson Teich no comando da pasta em meio à pandemia. Bolsonaro defende um distanciamento social mais brando, com ênfase também na continuidade da atividade econômica. Tal postura tem gerado confrontos também com governadores, principalmente os de São Paulo (João Doria) e Rio de Janeiro (Wilson Witzel). Para Collor, este embate também é prejudicial ao país.

"O presidente não pode se indispor com os governadores. Como briga contra governadores? Não são governadores de estados pequenos, já ofendeu o governador da Paraíba, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de vários estados. Como pode um presidente de uma República federativa tratar os chefes dos entes federados como ele trata?", questionou.

que a divergência entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta reduziu a adesão ao isolamento social como forma de combate à disseminação do novo coronavírus. "A divergência entre presidente e ministro causou uma confusão na cabeça das pessoas. Taxa de isolamento social vem caindo contra todas as recomendações médicas. Alguns pegaram o que o presidente falou", disse Collor.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/28/collor-divergencia-entre-bolsonaro-e-mandetta-reduz-adesao-a-isolamento.htm?cmpid=copiaecola

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.