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Líder do governo diz que CPI mista das Fake News tem ressaca da eleição

Do UOL, em São Paulo

30/04/2020 13h42

O senado Eduardo Gomes (MDB-TO) afirmou hoje no UOL Debate que a CPMI das Fake News do Congresso traz consigo uma carga de "ressaca da eleição" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Acho que a CPMI é um instrumento interessante, mas tem que tomar cuidado para não acontecer o que aconteceu nas últimas cinco CPMI, inclusive a do BNDES", alertou Gomes.

Segundo ele, a Comissão Parlamentar de Inquérito que une senadores e deputados tem recebido "uma carga política recessiva com uma overdose de vaidades, de discussões sobre a ressaca da eleição do presidente da república e que não cumpre seu propósito de dar sustentação a uma legislação eficiente".

Para o ex-ministro do STF (Superior Tribunal de Justiça), Gilson Dipp, "é normal que tenha essas divergências, que o escopo dela ultrapasse o previsto no uso de sua instituição, principalmente tratando-se de fatos novos como fake news".

Gomes foi contra a prorrogação dos trabalhos da CPMI das Fake News. A discussão foi parar no STF (Supremo Tribunal Federal) e o ministro Gilmar Mendes definiu que a CPMI deveria continuar.

O senador defendeu seu ponto de vista afirmando ser "contra a leitura do pedido de prorrogação na mesa do Congresso Nacional num período de pauta exclusiva da covid-19".

O Dipp ainda declarou que existe "um confronto entre os três poderes" no momento.

Gomes também criticou a participação da oposição na CPMI das Fake News, vista por ele como "excessiva". "Cerca de 78,2% dos requerimentos foram formulados pela oposição", afirmou.

Por fim, o senador lembrou que outra característica desta CPMI é servir de "abrigo das ressacas das confusões do governo".

CPI precisa ter foco, diz líder do governo

Hoje, o líder do governo quer uma CPI "mais propositiva" com "análise de cenários". Eduardo Gomes disse que falta foco à comissão de inquérito e que há uma tentativa de fazer uma "ressaca das eleições" de 2018, vencidas por Jair Bolsonaro (ex-PSL, hoje sem partido).

"A CPI discute os crimes, mas tem falta muito grande de legislação e entendimento. A gente sabe que a fake news não ocorrem só no WhatsaApp, plataforma de internet, mas em jornais e nas relações comerciais. Então, está muito amplo, muito confuso."

O ex-ministro Gilson Dipp disse que é normal que as comissões de inquérito ultrapassem seu escopo inicial e que haja divergências entre oposição e base aliada.

A advogada Dora Cavalcanti disse que Bolsonaro incentivou agressividade e desinformação ao criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na manhã desta quinta-feira (30).

O advogado Nabor Bulhões disse que, apesar de fakenews não se limitarem às redes sociais, elas acontecem principalmente nesses meios. E lembrou que, fora dos mecanismos eletrônicos, existem regras éticas e formas de reparação de eventuais erros e abusos.

Presidente de CPI disse que Moro e Bolsonaro se corromperam

Na quarta-feira (29), o presidente da comissão de inquérito, o senador Ângelo Coronel, conversou sobre o tema. Ele disse que a CPI identificou telefones de laranjas, inclusive com CPFs de pessoas mortas, para abrir contas de WhatsApp e fazer disparos de mensagens em massa.

Coronel ainda disse que há pressão dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para barrar as investigações. Para o senador o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, e o presidente da República cometeram crime de corrupção no episódio em que se menciona a pensão para a família do ex-juiz da Lava Jato.

Como mostrou o UOL, dados em poder da CPI mostram que os endereços de internet das contas de WhatsApp que mais dispararam mensagens em massa durante as eleições de 2018 ficavam no Brasil apesar de os telefones celulares terem chips do exterior. Uma quebra de sigilo desses IPs poderia mostrar pessoas reais e eventuais financiadores de campanha ocultos, apostam os parlamentares.

Além disso, o UOL revelou que uma conta de rede social que fazia ataques virtuais é ligada ao gabinete de um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente.