Mendes critica "espetáculo" e defende vetar entrevistas nas ações da PF
As entrevistas após as operações da Polícia Federal e das polícias civis deveriam ser proibidas na avaliação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Ele defende que, "no máximo", deveria haver a divulgação de um comunicado à imprensa por escrito.
O ministro fez uma palestra sobre abuso de autoridade numa videoconferência sobre direito penal e de defesa promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e mencionou o caso de um reitor de universidade que se suicidou após ser preso numa operação da PF. "Uma suposição de investigação, sempre essas entrevistas espetaculares", avaliou Mendes na tarde desta sexta-feira (1º).
Tanto é que eu tenho dito aos juízes: 'Isso tem que ser proibido'. No máximo, poderia ter um release [comunicado à imprensa] de uma operação porque senão já se faz desde logo uma acusação que fica e que vai acompanhar o processo ainda que os fatos não se verifiquem, que o inquérito mesmo já desminta, como tem ocorrido sistematicamente.
Críticas à Lava Jato e ao ex-juiz Moro
Sem citar nomes, Mendes criticou o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato, que tiveram conversas reveladas pelo site The Intercept e outros veículos de comunicação, como o UOL. As conversas mostravam o então juiz interferindo nos rumos da investigação.
O ministro disse que as conversas revelaram que era necessário criar a lei de abuso de autoridade, criada após os vazamentos das conversas. "Todos os fatos revelados de alguma forma nos impressionaram."
Moro deixou o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na semana passada acusando-o de interferir na Polícia Federal. Em resposta, o presidente da República usou exatamente o mesmo episódio mencionado hoje por Mendes. Bolsonaro apontou ainda, em rede social, que apoiou o então ministro da Justiça quando ele foi exposto pela divulgação de suas mensagens com os procuradores.
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