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Impeachment de Bolsonaro é ato de legítima defesa, diz Marina Silva

Do UOL, em São Paulo

06/05/2020 16h12

Marina Silva (Rede-AC) falou hoje, ao UOL Entrevista, sobre os crimes de responsabilidade que acredita que Jair Bolsonaro (sem partido) já teria cometido como presidente da República e disse que o impeachment seria "um ato de legítima defesa" da sociedade brasileira. A conversa foi conduzida pelo colunista do UOL Tales Faria.

"O impeachment é ato de legítima defesa. O Supremo, o próprio Ministério Público estão bem atentos. Até as Forças Armadas. O que eu entendi é que as próprias Forças Armadas desautorizaram os arroubos e devaneios do presidente da República. O Bolsonaro é um presidente que, o tempo todo, é desautorizado. Pelo STF, pelas Forças Armadas...", comentou.

A ex-ministra do Meio Ambiente destacou que Bolsonaro tem sido "desautorizado" por outras instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF) — situação que, na opinião dela, deixa o presidente da República "com a espada do impeachment na cabeça".

"Ele já está se entregando de mão para o Centrão para obter apoio político e com certeza não é para apoiar as medidas para o combate ao coronavírus porque isso o Congresso Nacional já está fazendo, independente de ser situação ou oposição, está todo mundo unido a favor da proteção da saúde. E ele está fazendo isso porque tem a espada do impeachment na cabeça dele no Congresso", avaliou Marina, que listou os crimes de responsabilidade que Bolsonaro teria cometido.

"O impeachment está posto e fundamentado. O presidente já cometeu vários crimes de responsabilidade. Contra a Constituição, contra a autonomia dos poderes, por tentar fazer tráfico de influência em instituições que não são de governo, são de estado, como foi denunciado agora pelo ex-ministro Sergio Moro, e por claramente se colocar ao lado de contraventores, porque quando tem uma ação criminosa de madeireiros, de grileiros, garimpeiros e os fiscais do Ibama vão lá e cumprem com a sua obrigação legal constitucional e o presidente tenta tomar satisfação com os ministros sobre as operações em função de que eles prejudicarem os bandidos, isso é crime", afirmou.

"O presidente já cometeu vários crimes de responsabilidade, participando de manifestações. Um dos piores talvez contra a democracia e esse contra saúde pública, porque quando ele faz esse estímulo para a pessoas romperem o isolamento social [medida de prevenção contra o coronavírus], ele está colocando em risco a vida de milhares, quiçá de milhões de brasileiros em função da contaminação", completou Marina.

Moro enfraqueceu a Lava Jato ao servir a Bolsonaro

Sobre o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, Marina exaltou o trabalho que ele desempenhou na Lava Jato, mas avaliou que sua entrada no governo enfraqueceu a força-tarefa.

"O Moro decepcionou uma grande quantidade de brasileiros. Ele fazia um grande trabalho, com o trabalho na pratica de combate a corrupção. Mas terminaram as eleições e aceitou entrar na política. Ele estava fazendo um trabalho, que investigou empresas, empresários, políticos. No meu entendimento, o trabalho dele foi enfraquecido quando aceitou servir a Bolsonaro", disse Marina.

A ex-senadora disse que Moro não deveria ter entrado na política.