Heleno defende trocas de Bolsonaro no GSI e recebe resposta da Globo
A revelação de trocas de cargos feitas no Gabinete de Segurança Institucional gerou reação do ministro general Augusto Heleno, comandante da pasta, que chamou de maldosa a reportagem feita pela Rede Globo. O ministro enviou uma nota ao "Jornal Nacional", que foi lida e respondida ao vivo pelo âncora William Bonner.
A reportagem do jornal, veiculada ontem, mostrou que, em 26 de março, quase um mês antes da reunião ministerial, o general André Laranja Sá Correa —então diretor do Departamento de Segurança Presidencial do GSI— foi promovido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para exercer o cargo de Comandante da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada.
A direção do Departamento de Segurança Presidencial acabou ficando com o então adjunto, Gustavo Suarez, promovido ao cargo titular da repartição. Uma terceira troca envolvendo a segurança pessoal do presidente ocorreu no Rio de Janeiro. Uma portaria de 28 de fevereiro, dois meses antes da reunião ministerial de abril, colocou o tenente coronel Rodrigo Garcia Otto para exercer a função de chefe no escritório de representação no Rio de Janeiro da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI.
A reportagem contestou a versão do presidente de que ele tentou fazer substituições na segurança do Rio, mas não conseguiu. Ao vivo, Bonner respondeu que a reportagem mostra não só que Bolsonaro fez trocas, como também que não encontrou obstáculos para realizá-las. "Não houve dificuldade para o presidente trocar ninguém da área realmente responsável pela segurança dele. E Bolsonaro não fez nenhuma reclamação quanto ao serviço. Ao contrário, promoveu o maior responsável por ele", disse o âncora.
Nota do GSI
O general Augusto Heleno, então, enviou uma nota ao telejornal, afirmando que a matéria foi "mal elaborada e uma tentativa de fazer uma reportagem maldosa contra o presidente da República", conforme leu William Bonner hoje, no "Jornal Nacional".
A nota continua, dizendo que o "coronel Sá Corrêa foi selecionado pelo Alto Comando do Exército por seus méritos, para integrar a lista de escolha que seria levada ao presidente da República. Afirmou, ainda, que o presidente não participa das reuniões de promoção de oficiais generais que acontecem no Alto Comando das três Forças". Completou, ainda, esclarecendo que "o coronel Suarez assumiu a chefia do Departamento de Segurança porque era o mais antigo, depois do coronel Sá Corrêa".
Heleno ainda teria dito que, "na reunião ministerial, falando para os seus ministros, e não em público, o presidente citou, apenas como exemplo, uma troca que desejasse realizar, na segurança pessoal dele. E que, caso houvesse qualquer oposição a essa troca, na ponta da linha, ele poderia chegar até a demitir o ministro para que sua decisão fosse cumprida". E conclui dizendo que o presidente não se referia a um caso real.
Resposta da Globo
Bonner, então, declarou que a nota de Augusto Heleno não só reforça a revelação da reportagem, como traz uma nova versão da fala do presidente. O âncora leu a nota assinada pela emissora e que se encontra disponível em seu site.
"A nota do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, confirma integralmente o que o 'Jornal Nacional' publicou. Que o antigo titular da direção de Segurança Pessoal da Presidência, o então coronel Sá Corrêa, foi promovido a general de brigada por escolha do presidente Bolsonaro. E que o substituto escolhido foi o número dois do departamento", disse.
"Em nenhum momento, o 'Jornal Nacional' questionou os méritos do general Sá Corrêa. Quis apenas mostrar que a versão do presidente sobre o que disse na reunião ministerial de 22 de abril não encontra respaldo na realidade. O presidente reiteradas vezes afirmou que se referia à segurança dele, de sua família e de seus amigos, quando disse que tentou fazer mudanças na segurança do Rio e não conseguiu", continuou.
"Como mostrou o 'Jornal Nacional', o presidente não teve dificuldades em fazer trocas no departamento responsável por sua segurança. Promoveu o titular, substituiu-o pelo seu adjunto e também trocou a chefia do escritório no Rio. Sem dificuldades."
"Por fim, é de se destacar que a frase do presidente Jair Bolsonaro na reunião ministerial de 22 abril ganha agora mais uma versão. Segundo o ministro Augusto Heleno, o presidente, ao mencionar a segurança no Rio, quis dar apenas um exemplo sobre o que faria caso quisesse realizar uma troca no setor e encontrasse oposição. Poderia chegar até a demitir o ministro para ver a sua decisão cumprida, não tendo o presidente se referido a nenhum caso real que houvesse ocorrido. Registre-se também que o ministro Augusto Heleno não esclareceu por que motivo o presidente se viu compelido a dar esse exemplo", finaliza a nota da emissora.
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