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Bolsonaro diz que pior que furar isolamento é passar fome: 'Tá na merda'

Presidente Jair Bolsonaro em Brasília -
Presidente Jair Bolsonaro em Brasília

Gustavo Setti

Do UOL, em São Paulo

22/05/2020 17h48

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que é errado criticar quem fura o isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus. Segundo o presidente, "é pior passar fome".

A declaração foi feita na reunião ministerial realizada no dia 22 de abril e que serviu de base para as denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro sobre suposta intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Hoje, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgou o vídeo da reunião.

"É convite, não é ... não é missão não. Convite. Pra ver como é que está o cara na esquina. Pra vir uns merdas pra falar aí, né? Uns merdas de sempre. 'A, o cara rompeu o isolamento. Tá dando um péssimo exemplo'. Péssimo exemplo é o cacete, pô! Pior é tá passando fome! Tá na merda, porra! Sentir o cheiro de povo, como eu falei, lá. É uma experiência pra todo político sentir! Ir lá ver como é que tá o negócio. Ou a gente tem que tá, como se fosse, né, ô? Um general na retaguarda e deixar a tropa se ferrar na frente. Não! O general tá na frente, o coronel tá na frente, o capitão tá na frente. Nossos heróis da Segunda Guerra Mundial tiveram na frente de campo de batalha. Se precisar que, tenho certeza, nossas Forças Armadas vão cumprir com seu papel, mas, né? Nós temos que dar exemplo e mostrar que o Brasil não é - eu sou mais educado que o Weintraub, até me poli muito, né? No linguajar que ele usou, mas não é isso que o pessoal pinta por aí. Se reunindo de madrugada, pra lá, pra cá. Sistemas de infomações: o meu funciona", disse Bolsonaro.

"O meu particular funciona. Os ofi... que tem oficialmente, desinforma. E voltando ao tema: prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistema de informações que eu tenho. Então, pessoal, muitos vão poder sair do Brasil, mas não quero sair e ver a minha irmã de Eldorado, outra de Cajati, o coitado do meu irmão capitão do Exército de lá de Miracatu se foder, porra! Como é perseguido o tempo todo. Aí a bosta da Folha de São Paulo diz que meu irmão foi expulso dum açougue em Registro, que tava comprando carne sem máscara. Comprovou no papel, tava em São Paulo esse dia. O dono do açougue falou que ele não tava lá. E fica por isso mesmo. Eu sei que é problema dele, né? Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira", acrescentou.

A reunião ministerial de 22 de abril está no centro de um inquérito aberto no STF, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), para apurar as declarações de Sergio Moro no dia em que pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O ex-ministro denunciou uma suposta interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal com a exoneração do então diretor-geral Maurício Valeixo.

O vídeo é considerado como uma das principais provas para sustentar a acusação feita por Moro de que o presidente tentou interferir no comando da PF e na superintendência do órgão no Rio, fatos esses investigados no inquérito relatado pelo decano do STF.