Políticos reagem ao vídeo da reunião de Bolsonaro com ministros
Diversos políticos têm reagido ao vídeo da reunião de 22 de abril entre Jair Bolsonaro (sem partido) e os ministros, divulgado hoje após decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), reagiu ao fato de ter sido chamado de "estrume" pelo presidente —Witzel disse que a palavra representa "como o próprio Bolsonaro se vê". O governador João Doria (PSDB), de São Paulo, também foi firme na resposta após ser ofendido como "bosta".
"A falta de respeito de Bolsonaro pelos poderes atinge a honra de todos. Sinto na pele seu desapreço pela independência dos poderes. E espero que num futuro breve o povo brasileiro entenda que, do que ele me chama, é essencialmente como ele próprio se vê", escreveu o governador no Twitter.
"O Brasil está atônito com o nível da reunião ministerial. Palavrões, ofensas e ataques a governadores, prefeitos, parlamentares e ministros do Supremo, demonstram descaso com a democracia, desprezo pela nação e agressões à institucionalidade da Presidência da República", disse Doria no Twitter. "Lamentável exemplo em meio a maior crise de saúde da história do país e diante de milhares de vítimas", completou.
Fernando Haddad (PT) apontou um possível deslize em uma das frases ditas por Jair Bolsonaro (sem partido) durante a reunião ministerial do dia 22 de abril. O presidente da República afirmou que quer trocar membros da 'segurança', dando a entender que poderia se referir à sua proteção pessoal e de sua família, mas, em seguida, acrescentou que não esperaria para ver amigos se prejudicarem de alguma forma. O petista pontuou que a Polícia Federal não faz segurança de "amigos" de políticos.
"Se a preocupação do presidente fosse com a segurança da família, ele não se referiria a 'f**** amigo meu'. Não há dúvida. PF não faz segurança de amigo. Nem vou falar do nível do governo. Sem condições!!", escreveu o ex-prefeito de São Paulo, que foi candidato à presidência da República em 2018 e disputou o segundo turno com o próprio Bolsonaro.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que o conteúdo causa "imensa desmoralização" para o governo: "Na forma e no conteúdo, a tal reunião ministerial revela um repertório inacreditável de crimes, quebras de decoro e infrações administrativas. Além de uma imensa desmoralização e perda de legitimidade desse tipo de gente no comando da nossa Nação".
Alguns dos primeiros a se manifestarem foram os deputados federais David Miranda, Marcelo Freixo (ambos do PSOL-RJ) e Joice Hasselmann (PSL-SP) —ex-aliada do presidente da República, ela disse que "sempre teve vergonha de participar das reuniões".
"Padrão Jair Bolsonaro ao comentar sobre João Doria, Wilson Witzel e Arthur Neto. Sempre foi assim. Eu sempre tive vergonha de participar das reuniões", escreveu Joice no Twitter.
Posteriormente, ela disse que Bolsonaro é "completamente louco" e "não tem condições de governar", e que os apoiadores do presidente endossam o conteúdo da reunião porque se identificam com a "falta de decoro e a "estupidez acachapante". Nas palavras de Joice, o grupo bolsonarista é composto por um "gado chucro".
"O gado chucro vibra com os palavrões, a falta de decoro e a estupidez acachapante do presidente da República. Gado é gado. Mas há um fato incontestável até mesmo para a bovilândia: juridicamente comprova-se a ingerência do presidente na PF, exatamente como Sergio Moro disse", opinou.
"Pelo menos duas demissões são urgentes e imperativas dentro do governo, após a divulgação da gravação do dia 22. A primeira é do ministro da Educação, Weintraub. A segunda é do presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro não tem condições de governar. É completamente louco. Ponto final", declarou.
David Miranda cobrou o presidente da Câmara dos Deputados: "Atenção, Rodrigo Maia: não há espaço para 'harmonia' com golpistas criminosos. Está mais do que comprovado o caráter autoritário e mafioso deste governo. O impeachment é urgente! O que falta para dar início?".
Em seguida, o psolista afirmou que, em sua opinião, o vídeo mostra Bolsonaro em uma "conspiração de quadrilha" ao lado dos ministros. "A maneira como Bolsonaro fala deixa evidente: não se trata de uma reunião interministerial, mas sim da conspiração de uma quadrilha!", publicou.
O deputado Marcelo Freixo ironizou algumas expressões usadas pelo presidente da República e seus ministros durante a reunião.
"Traduzindo a novilíngua bolsonarista: Liberdade de expressão = gabinete do ódio. Democracia = prisão dos ministros do STF. Povo brasileiro = milícias presidenciais armadas", acusou.
Maria do Rosario, deputada federal pelo PT no Rio Grande do Sul, atacou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que disse que o governo "não precisa de Congresso" para aprovar medidas relacionadas à sua pasta.
"Este lixo chamado Salles disse que tem que 'dar de baciada' contra normas que regulamentam questões ambientais, acabando com legislação ambiental, aproveitando que a imprensa só fala dessa coisa de covid", criticou Maria do Rosario, assim como o colega de partido Humberto Costa. O senador classificou a fala do ministro como uma "vergonha": "Chega a ser doentio.
Parte da base de apoio de Jair Bolsonaro também reagiu à divulgação do vídeo. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, disse que o vídeo "evidencia o compromisso de Bolsonaro com o Brasil". "O esperado vídeo evidencia apenas a coisa: o compromisso do presidente Jair Bolsonaro com o Brasil. Orgulho de fazer parte deste time e estar do lado certo da história! Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", comentou.
O deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ), também conhecido como Hélio Negão, usou a gíria militar "selva" para manifestar-se a favor do presidente. "SELVA! BRASIL!", postou, juntamente com as hashtags "Fechados com Bolsonaro", "Minha cor é o Brasil", "PT nunca mais" e "Bolsonaro até 2026".
Por outro lado, Fernanda Melchionna (PSOL-RS) contrariou os que acreditam que o vídeo pode beneficiar Jair Bolsonaro e fortalecê-lo junto àqueles que já apoiam o presidente.
"Muita gente escrevendo que o vídeo fortalece Jair Bolsonaro na base da extrema-direita. Isso não é novidade. A extrema-direita não será convencida. Tem que ser derrotada. Que o show de horrores que estamos vendo sirva para unir as vozes democráticas contra Bolsonaro", escreveu.
Ciro Gomes (PDT), afirmou, por meio de vídeo, que Bolsonaro deveria ser submetido a um processo de impeachment.
"Não dá para ficar calado diante disso, estamos sendo governados por uma quadrilha de bandidos que precisa ser afastada do poder pelos caminhos da democracia e é por isso que eu defendo o impedimento desse presidente da República", declarou Ciro.
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