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Após vídeo, Bolsonaro diz que recebe 'informações' de militares e policiais

Do UOL, em São Paulo

22/05/2020 21h00Atualizada em 23/05/2020 00h25

Após a divulgação do vídeo de reunião ministerial ocorrida em 22 de abril por ordem do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a jornalistas na portaria do Palácio da Alvorada que recebe "informações pessoais" de diversas pessoas, incluindo um "colega de vocês da imprensa", um policial civil e um capitão do Exército em Manaus.

"Informação pessoal? É um colega de vocês da imprensa, é um sargento no Batalhão de Operações Especiais no Rio, é um capitão do Exército, é um policial civil em Manaus, é um amigo que eu fiz que gosta de informações, liga pra mim, mantem contato no zap", disse, ao responder com imprensa e apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília.

O presidente afirmou que recorre a essas pessoas porque "lamentavelmente" não tem informações de "inteligências oficiais", como Polícia Federal e Forças Armadas.

"Eu descubro muitas coisas, porque lamentavelmente eu não descubro via inteligências oficiais, que é da PF, Marinha, Aeronáutica e Exército, e da Abin", falou.

A fala foi dita após divulgação pela imprensa do conteúdo da reunião ministerial realizada no dia 22 de abril, em que o presidente disse que seu sistema de informações "funciona", mas que "os que temos oficialmente desinformam", sem explicar exatamente quais seriam estes sistemas oficiais.

"Sistemas de informações: o meu funciona. O meu particular funciona. O que tem oficialmente desinforma. E voltando ao tema: prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistema de informações que eu tenho. Então, pessoal, muitos vão poder sair do Brasil, mas não quero sair e ver a minha a irmã de Eldorado, outra de Cajati, o coitado do meu irmão capitão do Exército de Miracatu se foder, porra! Como é perseguido o tempo todo. Aí a bosta da Folha de São Paulo diz que meu irmão foi expulso de um açougue em Registro, que estava comprando carne sem máscara. Comprovou no papel, estava em São Paulo esse dia. O dono do açougue falou que ele não estava lá. E fica por isso mesmo", disse na reunião.

"Eu prefiro não ter informações do que ser desinformado por cima de informações que tenho", disse no encontro que serviu de base para as denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro sobre suposta intervenção do presidente na Polícia Federal.

Bolsonaro se referiu na reunião a um sistema particular de informação antes de falar sobre o que classificou de perseguição a seus familiares. O presidente mencionou uma reportagem da Folha sobre seu irmão, Renato, que segundo o jornal foi impedido de entrar em um açougue em Registro por não usar máscara de proteção.

Na sequência, o presidente reclama que "é putaria o tempo todo" para atingi-lo "mexendo" com sua família. "Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda."

Inquérito

A reunião ministerial de 22 de abril está no centro de um inquérito aberto no STF, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), para apurar as declarações de Sergio Moro no dia em que pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O ex-ministro denunciou uma suposta interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal com a exoneração do então diretor-geral Maurício Valeixo. O vídeo é considerado como uma das principais provas para sustentar a acusação feita por Moro de que o presidente tentou interferir no comando da PF e na superintendência do órgão no Rio, fatos esses investigados no inquérito relatado pelo decano do STF.